Tenda lança marca off-site para atender cidades pequenas e médias
Resumo
Em entrevista exclusiva, Marcelo Melo, diretor executivo da Alea | Tenda Off-site, conta ao Imobi sobre os planos do novo projeto da empresa.
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Neste ano, saiu do papel um projeto da construtora Tenda: a marca de off-site Alea. A Alea irá trabalhar com casas em Wood-frame, em cidade do interior do país onde a empresa ainda não atua. Confira abaixo uma entrevista exclusiva com Marcelo Melo, diretor executivo da Alea.
Imobi Report: O que levou a Tenda a buscar soluções off-site?
Marcelo Melo: A busca por um novo método construtivo foi influenciada pela necessidade da companhia seguir crescendo de maneira sustentável em longo prazo. No método construtivo que a Tenda utiliza atualmente, de forma de alumínio com parede de concreto, há uma exigência por uma escala mínima de produção de 1 mil unidades/ano, o que em nossa visão, restringe o nosso potencial de atuação para as 13 regiões metropolitanas no país que absorvem esta demanda de apartamentos.
Atualmente a Tenda já está presente em nove destas regiões metropolitanas e almeja alcançar este volume adicional de demais cidades em 4 anos. Em 2020, a companhia lançou 18 mil unidades, e acredita que esta expansão possibilitará chegar a 30 mil unidades/ano com a sua capacidade total, praticamente uma nova Tenda.
Com a inserção do modelo de construção off-site, abre-se uma miríade de oportunidades para que a Tenda possa trabalhar também em cidades médias, ampliando o seu potencial de crescimento sem perder os seus diferenciais competitivos. Deixamos de ter uma demanda local que é um pré-requisito do modelo atual, e passamos a operar com um olhar global.
Essa diversificação de perfis e uma grande demanda por habitações de qualidade, com uma proposta inovadora, foram os principais fatores que motivaram a companhia a buscar esse novo modelo de negócio.
Imobi: Cidades médias, inclusive, no mercado do interior do país, certo?
Marcelo: Sim, a Tenda olha para o interior como uma importante via de crescimento em longo prazo e com grande potencial de expansão. Há, nestas cidades, uma demanda igual ou maior a das grandes metrópoles brasileiras. Nesse sentido, a companhia optou por manter a operação de edifícios nas regiões metropolitanas e capitais, e aposta na construção de casas para o interior, por meio da Alea. Nessa abordagem, as casas são produzidas em uma fábrica para, em seguida, serem transportadas para os canteiros de obra apenas na fase de montagem e acabamento.
Imobi: Vocês observaram um aumento na demanda nas cidades médias e pequenas?
Marcelo: Entendemos que há uma demanda reprimida nessas cidades, principalmente para uma proposta diferenciada, como é o caso dos condomínios de casas que iremos lançar pela Alea. Utilizaremos a tecnologia woodframe, consolidada e referência em qualidade e solidez em construções de alto padrão em países como Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Japão. Por meio de Alea, trouxemos essa inovação para o Brasil com a proposta de revolucionar o conceito de habitação popular no País. Este método construtivo propicia maior conforto térmico e acústico em relação ao método convencional, de alvenaria, sem perder custos competitivos.
Com a implementação da fábrica de casas, a companhia conseguirá produzir 10 mil unidades por ano, que poderão ser transportadas e montadas em qualquer cidade do interior paulista. Desta forma, a Tenda se consolida como uma construtech, além de reforçar seu posicionamento como sendo a empresa que lidera a industrialização da construção civil no Brasil.
Imobi: Como foi esse processo de busca por fornecedores, soluções, até ter a segurança de chegar em um produto para oferecer ao público?
Marcelo: Existem vários sistemas construtivos que podem ter uma abordagem off-site, sendo que o Wood frame e o Steel frame são os com aplicação mais antiga e consolidada no mercado internacional. No Japão, por exemplo, a construção modular usando essas tecnologias existe desde 1950.
Optamos pelo Wood frame por algumas razões. A primeira é o custo em relação à matriz de suprimentos brasileira, muito mais competitiva e pulverizada em relação ao aço. Hoje, o Brasil é o segundo maior produtor global de floresta plantada de pinus com produção anual de 1,6 milhão de hectares, atrás apenas da Rússia.
Outro motivo é pelo caráter sustentável da madeira, que “sequestra” CO² do ambiente, ao contrário de materiais como o cimento e o aço, que emitem poluentes. Estima-se que a indústria da construção civil é responsável por 39% das emissões de CO² em todo o mundo. Desta forma, o uso da construção em Wood frame também acompanha uma mentalidade voltada para um futuro sustentável e de projetos alinhados com as melhores práticas ESG.
Por fim, há também as qualidades específicas do produto, que mantém as mesmas normas exigidas para construções de alvenaria, mas que apresenta desempenho superior nas propriedades termoacústicas, por ser naturalmente isolante.
Imobi: Vocês acreditam que esse tipo de solução deverá se difundir no país?
Marcelo: Sem dúvidas. É possível operar em alta escala e com padronização no mercado de habitação popular brasileiro e estas condições são ideais para viabilizar o modelo de construção off-site. Por conta dessas características únicas, a construção off-site consegue operar com eficiência em locais nunca antes imaginados.
Além disso, temos um programa habitacional estável e existe uma demanda histórica que não acompanha a formação de novas famílias. A expansão do off-site pode contribuir com a redução do déficit habitacional do país.
Por fim, outra vantagem deste modelo é a capacidade de eliminar muitas ineficiências da construção civil, pois tem o seu ciclo construtivo mais rápido que o de alvenaria, dado que boa parte do processo de fabricação passa a ser realizado em um ambiente controlado, livre de intempéries climáticas, com quantidade muito menor de resíduos e com grande potencial de automação.
Imobi: Qual a expectativa para a Alea?
Marcelo: Esperamos ofertar um produto inimaginável, com uma proposta de valor diferenciada para o mercado de habitação popular, entregando casas de muita qualidade no modelo de condomínio fechado, com conceitos de urbanismo diferenciado e uma preocupação com o pós-ocupação.
Nossa fábrica, localizada em Jaguariúna, no interior paulista, será inaugurada no 2º semestre deste ano. Com 18 mil m², a planta foi projetada com foco na escala tendo capacidade de produzir 10 mil casas/ano. Até 2022 seguimos em período de aprendizado e testes, com previsão de início da aceleração da produção a partir do ano seguinte, até atingirmos a capacidade plena desta fábrica em 2026.
Tudo certo! Continue acompanhando os nossos conteúdos.
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