Nova plataforma lista valor real de venda dos imóveis em SP e BH

Experiência de Casa Mineira e QuintoAndar vira tecnologia aberta e gratuita

Uma das dificuldades enfrentadas pelo mercado imobiliário brasileiro consiste na precificação dos imóveis. Na percepção do CEO da proptech Casa Onze, Admar Cruz, que atuou em posições de liderança da Casa Mineira e do QuintoAndar, por falta de referência, imóveis acabam anunciados com o valor inflado, o que prejudica a liquidez do setor. Para sanar essa dor, a empresa lançou a plataforma Mercado Transparente, ferramenta gratuita para compradores, vendedores e profissionais do mercado imobiliário.

Admar informa que o Mercado Transparente reúne registros de transações de imóveis feitas nos últimos 19 anos na cidade de São Paulo, resultando em um banco de dados com 7,5 milhões de páginas de imóveis e 2,6 milhões de registros de transações imobiliárias. E a partir desta segunda (24/11), a plataforma também disponibiliza os registros de 500 mil transações na cidade de Belo Horizonte, que foram feitas ao longo de 18 anos. “Trabalhamos com informações públicas, mas que estavam desencontradas. Nosso time de tecnologia, composto por três profissionais, coletou e organizou esses dados em um banco unificado gratuito e intuitivo”, afirma.

Ao pesquisar um endereço no Mercado Transparente, por exemplo, o de um prédio, a plataforma exibe todas as unidades que foram negociadas no local, destacando informações como preço de venda, metragem, matrícula e quantas vezes elas foram vendidas. Conforme explica Admar, esse histórico traz uma percepção realista para o vendedor e maior segurança para o comprador. “Se a tabela Fipe diz que um determinado modelo de carro usado vale R$ 40 mil, fica fácil vender por R$ 38 mil. Agora, se eu quiser pedir R$ 42 mil, vou ter que apresentar uma boa justificativa ao comprador. No mercado imobiliário é a mesma coisa, se um determinado tipo de apartamento está sendo vendido por R$ 1 milhão, por que vou pedir R$ 1,3 milhão?”, compara.

Admar explica  que a ideia foi inspirada em mercados como dos EUA e da Europa. O CEO explica que o Brasil tem um tempo médio de venda de imóveis dez vezes maior que o do país norte-americano. Ele ainda acrescenta que lá, graças à transparência e velocidade de vendas, os compradores estão dispostos a pagar uma quantia maior ao valor anunciado. “Nossas decisões são baseadas em referenciais, isso é instintivamente lógico”, reforça.

Aqui no Brasil, onde o preço do imóvel é subjetivo e as vendas ficam encalhadas, os compradores tendem a oferecer valores abaixo do mercado. Nos EUA o cenário é o oposto, o cliente sabe o valor real do imóvel e entende que precisa decidir rápido para não perder a oportunidade, então oferece um valor superior. “Você sabe muito bem quanto vale uma garrafinha de água. Mas imagina que você tá numa praia lotada, no maior calor e sentindo muita sede. Se aparecer um único vendedor de água gelada, você vai pagar mais caro, o mais rápido que puder, com receio do estoque acabar. É a lei da oferta e da demanda”, comenta.

O legado como base para o futuro

Após São Paulo e Belo Horizonte, a  expansão também deve incluir outras capitais em 2026, porém, Admar salienta que isso vai depender do quão abertos são os dados fornecidos pelos municípios.

De todo modo, o CEO é otimista, pois a liquidez de imóveis resulta em maior arrecadação para prefeituras, através de IPTU e ITBI, por exemplo. E, na visão dele, o poder público está caminhando em direção a uma maior organização dos dados imobiliários, sendo o “CPF dos Imóveis” um exemplo disso.

Admar define a Casa Onze como uma empresa de tecnologia e dados que combina inteligência imobiliária, operação profissional e informações públicas para ajudar consumidores e profissionais a tomar decisões melhores no mercado de compra e venda de imóveis. Ele afirma que esse propósito nasceu do aprendizado adquirido com a Secretaria de Vendas da Casa Mineira e da tecnologia do QuintoAndar. “A minha passagem por essas empresas nos ajudou a construir a Casa Onze. Graças a elas temos boas práticas e estamos amparados pela tecnologia, que vamos utilizar para tornar o mercado imobiliário mais transparente e bom para todo mundo”, defende.