Novo zoneamento de Curitiba: o triste adeus aos condomínios clube de classe média
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A vida em um condomínio de casas pode ser o resgate do estilo de vida que tantos especialistas em saúde física e mental têm pregado para quem mora nas metrópoles. O espaço seguro para conviver, respirar, praticar exercícios e deixar as crianças livres para brincar em segurança é um incentivo para quebrar os padrões de rotina que conduzem ao uso excessivo de telas, ao sedentarismo e à falta de contato social e com a natureza.
Nos últimos anos, os conjuntos de sobrados se tornaram uma tendência no mercado imobiliário de cidades como Curitiba. Os condomínios clubes, que antes eram acessíveis para poucos, passaram a ser uma opção possível para a classe média. Além do benefício para a qualidade de vida, esse modelo de moradia contribuiu para a redução de deslocamentos, por trazer para “dentro de casa” atividades como a academia de ginástica, natação e até mesmo conveniências, como minimercados e lavanderias.
Mas esse modelo de empreendimento, que oferece quadras poliesportivas, piscinas, bosques e salões de festas e jogos, está com os dias contados na capital. O motivo é que a nova Lei de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo de Curitiba estabeleceu o limite territorial de 20 mil m2 para os condomínios horizontais. O novo parâmetro inviabiliza a construção de conjuntos habitacionais de casas ou sobrados com infraestrutura ampla de lazer. É que o limite, na prática, representa até 60 lotes médios. É um número pequeno demais para que seja viável, para a maioria das famílias, dividir os custos de manutenção das áreas comuns sem quebrar o orçamento com uma taxa alta de condomínio.
E qual é a explicação? Segundo o IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba), o objetivo da mudança é estimular a formação de conjuntos menores, interrompendo testadas com muros altos e paisagens urbanas áridas e com ocupação segregada. A motivação faz sentido, porque a cidade precisa ser pensada para todos. Mas também representa um paradoxo quase como o da expressão popular “matar o cachorro para acabar com as pulgas”.
Com soluções urbanísticas, de arquitetura, engenharia e paisagismo, seria possível criar espaços de convivência – como pistas de caminhada, jardinetes com estrutura para pets, áreas de descanso e academias ao ar livre – no entorno dos condomínios, garantindo “respiros” no perímetro exposto dos terrenos mais amplos. O propósito seria cumprido, sem privar uma parcela numerosa da população da experiência de ter o “melhor de dois mundos”, não por acaso uma das definições mais usadas para descrever a liberdade e segurança de viver em condomínios horizontais.
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