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Imobi Report

[138] Selic a 7,75% e o crédito imobiliário

A Selic voltou a sofrer reajuste pelo Copom e chegou a 7,75% ao ano. A taxa praticamente quadruplicou ao longo de 2021 – em janeiro, ela estava em 2%. 

Financiar imóveis ainda é vantajoso? Na opinião de especialistas, sim. Isso porque a oferta de crédito deve ser mais restrita no ano que vem, ou seja, ainda estamos dentro de uma janela de oportunidade. Ainda, o crédito está abaixo dos dois dígitos, que já foi realidade por muitos anos no mercado brasileiro.

Porém, vale lembrar que a adesão do consumidor ao crédito fica mais difícil conforme os reajustes são anunciados. A cada aumento de 1% na taxa de juros, a renda comprovada do tomador de crédito precisa ser R$ 800 maior, em média. Sem contar que a primeira parcela também ficou bem mais salgada.

A previsão do mercado financeiro é que a taxa tenha novo aumento na próxima reunião do Copom, no começo de dezembro. O próprio Comitê indicou que a Selic deve fechar o ano em 9,25%.

Imobiliárias

De acordo com a Abecip, o crédito imobiliário no Brasil alcançou quase R$ 200 bilhões financiados entre outubro de 2020 e setembro de 2021. No comparativo com o mesmo período do ano anterior, a alta foi de 94,5%.

Como a compra da casa própria foi impulsionada pelo crédito, a demanda cresceu e os preços também. O valor médio dos imóveis subiu 12,5% nos últimos 12 meses, também segundo a Abecip. Em valor de mercado, o aumento foi de R$ 1,5 trilhão. Enquanto isso, números do Banco Central apontam que o custo para financiar o imóvel cresceu quase 20% desde o início da pandemia.

Uma pesquisa da Urbit mostra o tamanho do desafio do financiamento imobiliário para famílias de renda mediana na capital paulista. Segundo o levantamento, a receita média de um casal com dois filhos é de R$ 3.887. Porém, apartamentos com custo de até R$ 190 mil e com 40 m2 ou mais estão longe da região central, o que empurra este público para regiões periféricas.

Se ter a casa própria é um sonho, boa parte dos brasileiros pretende realizá-lo em breve. Uma pesquisa inédita realizada pela EmCasa aponta que 42% das pessoas pretendem comprar seu imóvel até 2023. Destes, 29% pretendem procurar um novo lar em breve, e 13% já iniciaram a busca.

Já uma pesquisa da proptech aMora constatou que 58% dos clientes da empresa continuam a trabalhar de casa mesmo com o arrefecimento da pandemia. 35% das pessoas estão insatisfeitas com o próprio endereço e afirmam que é culpa do trabalho remoto. Mais de 60% dos participantes do levantamento disseram ter planos de mudar de endereço nos próximos 12 meses.

O sistema de crédito cooperativo pode ser muito vantajoso para as imobiliárias. O Imobi conversou com Ariano Cavalcanti de Paula, presidente da Secovicred Minas, instituição associada ao Sicoob, maior sistema especializado em crédito cooperativo do Brasil. Ele comenta as principais dificuldades das imobiliárias no atendimento prestado pelos grandes bancos e o funcionamento do sistema de cooperativa para empresas do segmento.

No Imobi Aluguel número 34, que será publicado nesta quarta, vamos traçar um panorama da implantação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) dentro das imobiliárias, um ano após a entrada em vigor da lei. Mostramos o que as empresas do segmento da locação têm feito para cumprir a legislação e por que é importante fiscalizar o compartilhamento de dados com os parceiros. Relatamos ainda uma possibilidade de a imobiliária ressarcir os custos associados à implantação da lei. O Imobi Aluguel é a série semanal do Imobi Report com foco específico na locação. Clique aqui para experimentar gratuitamente.

Incorporadoras

Representantes da incorporação seguem otimistas. A Cbic revisou a expectativa de alta do PIB do setor da construção civil em 2021 para cima, de 4% para 5%. Se confirmado, será o melhor desempenho desde 2012. A economista Ieda Vasconcelos, da Câmara, afirma que o aumento poderia ser ainda maior. “A melhora das atividades da construção no terceiro trimestre deve-se ao incremento do financiamento imobiliário, à demanda consistente, ao avanço do processo de vacinação e à continuidade de pequenas obras e reformas. Se não fosse o cenário de aumento exagerado e a falta de insumos, o crescimento dos índices da construção civil em 2021 seria bem mais expressivo”.

A Dexco, fabricante de painéis de madeira, louça e metais sanitários, também está positiva. Em conferência com analistas, o presidente da empresa, Antonio de Oliveira, afirmou que não acredita em retração no mercado da construção civil em 2022 e disse que “o histórico mostra que ano de eleição é bom para o nosso segmento, com aumento de gasto público”.

O indicador Abrainc-Fipe do último trimestre aponta alta de 69,5% nos lançamentos de imóveis e de 12,8% nas vendas, ante o mesmo período de 2020, das dezoito empresas associadas à entidade. 

Para manter produtividade alta, é importante ter um time de vendas bem treinado e liderado. O Gestor de Vendas Imobiliárias é o maior treinamento do Brasil para diretores, líderes e gestores de imobiliárias e incorporadoras. Promovido pela CUPOLA, são apresentados cases reais, empreendedores, líderes e profissionais com experiência de mercado para entregar resultados. Mais informações aqui.

Techs

A Loft fez seu primeiro movimento para a expansão internacional. O unicórnio adquiriu a TrueHome, proptech mexicana que atua na compra e venda de imóveis. Mate Pencz, CEO da Loft: “Estávamos planejando expandir para o México quase desde o início da Loft e temos uma ambição global para a empresa. O México tem pontos de dor muito semelhantes aos do Brasil: a falta de transparência, a falta de dados, a falta de confiança”. Vale lembrar que o QuintoAndar também já anunciou a expansão para o México em 2021.

A Keycash, fintech de home equity, anunciou que recebeu uma rodada de captação de R$ 185 milhões. A startup, que se posiciona como “uma fintech que oferece soluções financeiras para o mercado imobiliário”, pretende ganhar ainda mais capilaridade no negócio. Ainda segundo a Keycash, estima-se que o mercado de home equity atual esteja com uma carteira de R$ 12 bilhões no Brasil, mas pode alcançar R$ 500 bilhões com o open banking e a evolução do processo de digitalização de registros de imóveis nos cartórios.

Outra fintech do mercado imobiliário que recebeu aporte nos últimos dias foi a Homelend. A captação foi de R$ 25 milhões, liderada pela Astella Investimentos. Com foco em financiamento imobiliário, o aporte será investido integralmente no financiamento da operação. Até agosto deste ano, a Homelend entregou mais de 40 imóveis e pretende acelerar o ritmo até o final do ano.

Mundo

Em Portugal, a representatividade dos brasileiros no mercado imobiliário é escancarada por meio dos números. Uma pesquisa coloca o Brasil apenas atrás da China como principal fonte de dinheiro estrangeiro para a compra de imóveis em Lisboa e Porto. Foram R$ 2,9 bilhões, com origem brasileira, investidos em imóveis portugueses em 2020.

As vendas de imóveis nos EUA atingiram seu maior número no ano. Em setembro, o avanço de transações de imóveis usados foi de 7%. A oferta, porém, segue restrita e com custos altos, o que mantém afastados os compradores de primeira viagem.

E vamos para as últimas da Evergrande. Num intervalo de poucos dias, a incorporadora surpreendeu a todos e pagou duas grandes dívidas com credores externos, somando US$ 130 milhões em vencimentos. A movimentação intrigou o mercado, que agora formula teorias sobre a origem do dinheiro. Especula-se que os pagamentos estão sendo feitos por meio da fortuna pessoal do fundador da Evergrande, Xu Jiayin, após pressão dos governantes chineses.

Os pagamentos geram alívio ao mercado internacional, já que as pistas dadas anteriormente pela Evergrande não eram nada animadoras. Assim, começa a diminuir o receio internacional – inclusive brasileiro. Por outro lado, a Modern Land, outra construtora chinesa, deu um calote de US$ 250 milhões na última semana e manteve o mercado com as barbas de molho.

Estamos de olho

Abrainc, Lopes, Plano & Plano, Tenda, Yuny, Planet Smart City. Esses são alguns dos participantes do Imobi Experts Lançamentos Imobiliários, evento promovido pelo Imobi Report. Durante dois dias, totalmente online, serão apresentadas tendências, insights e cases de sucesso do mercado imobiliário. O primeiro dia é 100% gratuito e as inscrições estão abertas.

Como esperado, as obras de alargamento da praia de Balneário Camboriú começaram a ter efeitos ambientais. Reportagem do G1 conta que ao menos 16 tubarões foram vistos na praia, segundo contagem do Museu Oceanográfico da Univali. Ainda, especialistas afirmam que isso era algo previsto e não há motivo para preocupação, pois as espécies avistadas não costumam atacar e são comuns na região.

Em artigo no Imobi Report, Elisa Tawil traz o tema nomadismo. Ela analisa como esse estilo de vida flexível desperta novas possibilidades de desenvolvimento, negócios e investimentos no mercado imobiliário.

Ambientes naturais nos conectam com sensações positivas, como relaxamento e bem-estar. Por isso, a biofilia é uma tendência que chegou para ficar no mercado imobiliário. Ela promove o contato harmônico com a natureza por meio do paisagismo, luz natural, arquitetura orgânica e uso de materiais naturais na decoração, mobília e arquitetura.

Em São Paulo, duas ações para diminuir o déficit habitacional se destacaram. A prefeitura da capital anunciou a criação de uma nova modalidade de auxílio aluguel para famílias que moram em zonas com alto risco de desabamento. O benefício de R$ 600, com duração de 18 meses, será entregue para moradores que concordarem em deixar as construções irregulares. A medida também vale para pessoas com residência em locais que sofreram intervenções ou obras por parte do município. 

Já na iniciativa privada, Fundo Fica compra casas para oferecê-las com aluguel pelo menos 30% mais baixo que o praticado pelo mercado para famílias pobres.

No último Semana Imobi, blockchain, portais imobiliários, associativismo do mercado foram alguns temas comentados pelo nosso time. E no Vem pra Mesa, Sergio Langer recebe Saulo Suassuna Filho, fundador e CEO da Molegolar, construtech de construção modular.