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Imobi Report

[111] Corte de verbas para habitação preocupa mercado: “loucura”

O anúncio de cortes no orçamento para a habitação, que deve zerar os recursos destinados aos empreendimentos em execução da faixa 1 do Casa Verde e Amarela, na semana passada, gerou preocupação. Considerada uma “loucura” pelo presidente da CBIC, José Carlos Martins, a medida deve prejudicar as incorporadoras, mas principalmente a população de baixa renda contemplada pela primeira faixa do programa, a mais atingida pelo veto.

O orçamento reduzido a R$ 870 milhões, cerca de 27% do total de R$ 3,25 bilhões inicialmente destinados, deve paralisar as obras de 250 mil unidades habitacionais que estavam em andamento. Também pode colocar em risco cerca de 259 mil empregos diretos no setor da construção civil – sem falar nos indiretos. Dos 1.895 municípios atingidos pelos cortes, 59% estão no Nordeste, região com 25,1 mil moradias inconclusas. 

Se antes já existia a preocupação com a periferização da habitação, mesmo com as obras do MCMV em andamento, agora ela está sendo potencializada, pois há o receio de que as unidades paralisadas sejam ocupadas irregularmente e se tornem verdadeiras favelas.

Pensando em alternativas para este quadro, no futuro, há quem defenda que terrenos da União sejam usados para novos programas, com o objetivo de reduzir o déficit habitacional. De acordo com nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada em matéria do Valor Econômico, a União tem pelo menos 330 terrenos urbanos, em regiões bem localizadas, que poderiam ser utilizados para esse fim. 

A busca por terrenos também gera novidades no setor privado. A MRV, por exemplo, lançou um programa de bonificação para corretores de terrenos, para dar suporte ao plano de chegar à construção de 80 mil unidades ao ano, com Valor Geral de Vendas (VGV) de lançamentos de R$ 18 bilhões, no período entre 2024 e 2026. Batizado como Terra Verde, o programa tem como objetivo estimular que os corretores procurem por áreas para a Sensia, marca destinada à classe média, para a Luggo, unidade de locação da MRV, e para casas enquadradas na faixa mais elevada do programa Casa Verde e Amarela.

Levantamento do Secovi-SP confirma a tendência de expansão do mercado imobiliário em São Paulo, em 2021. Considerando o período entre setembro do ano passado e fevereiro deste ano, houve aumento de 14,2% nas vendas de imóveis na capital paulista, em comparação com o período entre setembro de 2019 e fevereiro de 2020. Como já noticiamos na semana passada, a reabertura dos estandes deve contribuir para a comercialização, principalmente de empreendimentos que tiveram seus lançamentos adiados em março e abril. O estande do Parque Global, que está sendo erguido pela Benx perto do Parque Burle Marx, ilustra bem essa perspectiva positiva: no primeiro dia de reabertura, recebeu a visita de 20 famílias, sendo que seis delas saíram de lá já com contrato assinado.

As novidades nos lançamentos imobiliários também continuam movimentando o mercado. Uma mudança no comportamento do consumidor que deve impactar os futuros empreendimentos, por exemplo, são os novos hábitos dos brasileiros em relação ao uso de automóveis próprios como transporte prioritário. De acordo com matéria publicada pelo Estadão, o uso de carros na cidade de São Paulo deve cair 28% nos próximos dez anos e a flexibilização na legislação municipal em relação à obrigatoriedade de ter vagas de garagem no condomínio são fatores que podem contribuir para essas mudanças nos empreendimentos. 

Uma ameaça à incorporação para os próximos meses, como temos reportado aqui no Imobi, é a alta de preços dos materiais de construção. Em artigo publicado no Imobi Report, Sylvio Pinheiro, diretor da G+P Soluções, consultoria especializada em práticas e técnicas construtivas e de gestão, analisa os impactos dessa crise para o mercado imobiliário e como as incorporadoras podem driblar o aumento no valor dos insumos de construção.

No mercado de fundos imobiliários, a grande discussão da última semana foi sobre o impacto da manutenção do IGP-M como indexador de reajuste dos contratos de aluguel ou sua possível substituição pelo IPCA. Matéria publicada no Seu Dinheiro mostra que o IGP-M nas alturas pode ser um grande risco para os fundos. O SpaceMoney, por sua vez, mostra o que muda para os fundos se os contratos de aluguel passarem a ser reajustados com base no IPCA. Já O Globo traz uma análise mais ampla sobre a questão, avaliando que a perspectiva para os fundos é boa, com ou sem IGP-M

Imobiliárias

A polêmica IGP-M x IPCA também segue em pauta junto aos clientes. Na Folha de S. Paulo, reportagem aborda o aluguel no contexto de outras “contas grandes”, como a mensalidade escolar, e dá dicas de negociação para inquilinos. Já a Veja ouviu representantes do mercado imobiliário sobre o PL que pretende instituir o IPCA como índice padrão para reajustes. O consenso é de que a interferência do Estado pode atrapalhar a dinâmica do mercado. E o Infomoney traz um apanhado do reajuste do aluguel e do aumento do IGP-M nos últimos meses, com análises de especialistas sobre o assunto.

Um levantamento do QuintoAndar sinaliza que o preço dos anúncios de imóveis para alugar é, em média, 10,26% maior do que o valor real fechado nos contratos em São Paulo. No Rio de Janeiro, a diferença é maior, 14,17%. 

O Valor Econômico traz uma série de dados de consultorias sobre as taxas de vacância de imóveis corporativos em São Paulo. Para a JLL, o índice passou de 22,4%, um ano atrás, para 24,2% no fim de março. Na Newmark, os valores são aproximados: a de vacância ficou em 22,9%, em março, acima dos 20,8% do fim de 2020. E a Cushman & Wakefield aponta que a vacância cresceu de 20,1% para 23,6%. No geral, há um consenso: mesmo que o isolamento social vá acabando e as empresas voltem a ocupar escritórios, há lançamentos previstos para esse ano, o que aumenta as metragens disponíveis e faz com que as taxas de vacância permaneçam altas.

O STF se prepara para julgar um caso que pode mexer nas regras do mercado de locação, com impactos sobre as garantias locatícias. A penhora do único imóvel do fiador, numa locação comercial, pode se tornar uma prática proibida, o que pode comprometer futuros contratos de locação. O Imobi entrevistou Moira Toledo, diretora de risco e governança da Lello Imóveis, para entender melhor os problemas que essa decisão pode causar.

Esta entrevista foi produzida para um relatório do Imobi Aluguel, braço do Imobi Report dedicado a analisar o mercado de locação brasileiro. Já havíamos antecipado, mas agora é oficial: o Imobi Report está lançando seu primeiro produto segmentado. O Imobi Aluguel nasce como único Relatório de Inteligência do mercado imobiliário brasileiro focado especificamente nas dores e demandas do setor de locação. Toda quarta-feira, os assinantes recebem conteúdos exclusivos, em texto e áudio, sobre captação, gestão de marketing, análises de mercado, oportunidades de negócio, legislação, enfim, tudo o que envolve este mercado. Para conferir mais informações e assinar, confira aqui. Você já pode receber o primeiro Imobi Aluguel amanhã mesmo.

Os negócios de venda e aluguel de imóveis usados no primeiro trimestre de 2021 tiveram crescimento de 90%, na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com o Painel do Mercado Imobiliário (PMI) produzido pela plataforma Kenlo.

Na última semana, aconteceu o Imobi Experts Imóveis de Luxo e Alto Padrão. O evento, realizado pelo Imobi em parceria com a CUPOLA, trouxe mais de 15 horas de conteúdo com foco no nicho de mercado imobiliário de alto padrão. No portal, trazemos 8 lições de Carlos Ferreirinha, um dos speakers do evento, para o mercado imobiliário de luxo, neste ano. Se você perdeu o Imobi Experts ou quer rever para conferir o que rolou, é possível adquirir o ingresso premium que dá acesso ao conteúdo gravado, aqui.

Techs

Na última semana, a Loft fechou mais um aporte, levantou US$ 100 milhões e passou a ser avaliada em US$ 2,9 bilhões. No Imobi, trazemos uma análise de Rodrigo Werneck, CEO da CUPOLA, sobre o que esperar deste movimento. Rodrigo reflete sobre o atual momento da Loft, os diferenciais em relação aos concorrentes OLX e QuintoAndar, quais podem ser os cenários futuros e esboça 6 conclusões sobre a startup. Vale a leitura.

O mais recente episódio do EXAME Tech, podcast de tecnologia da EXAME, teve como tema o mercado imobiliário. Entre os convidados, Ariel Frankel, CEO da Vitacon, Bruno Gama, CEO da Credihome, e Felipe dos Santos, CEO da Play2Sell.

A Play2Sell, inclusive, fechou uma parceria com o Imovelweb para lançar uma plataforma de gamificação para o mercado imobiliário. Chamado “Imobplay”, traz treinamento para corretores, diretores, gerentes, supervisores, imobiliárias e construtoras. Os participantes devem estudar alguns materiais, participar de um desafio e pontuará quem acertar mais respostas em curto espaço de tempo. Cada mês terá um primeiro colocado e ainda há uma premiação final valendo um valor em dinheiro.

O Apto, marketplace de imóveis novos, lançou um novo feature: uma página de perfil das empresas que estão anunciado na plataforma, destacando uma breve descrição, principais números, últimos lançamentos, projetos de destaque, detalhes sobre cidades e bairros que mais atuam. É como um perfil de uma incorporadora em uma rede social.

Segundo estudo da Terracotta Ventures, em 2020 houve crescimento de 23% no número de startups no mercado imobiliário. Em reportagem para a Forbes, são citadas algumas novas empresas, como a Mudee, uma proptech de fotos profissionais para imóveis de luxo e a LegAut, startup que usa machine learning para desburocratizar a documentação envolvida em operações imobiliárias.

Estamos de Olho

Por 3 votos a 1, a 4ª Turma do STJ decidiu, na semana passada, que condomínios residenciais podem proibir moradores de alugarem imóveis por temporada por meio do Airbnb. A justificativa para embasar a decisão foi o fato de que convenções de condomínio que não preveem atividades comerciais podem limitar esse tipo de uso. A decisão é válida para um caso específico, de um edifício localizado em Porto Alegre (RS), mas pode servir como jurisprudência para outras situações semelhantes. Reportagem do telejornal Fala Brasil, da Record, mostra como o assunto é polêmico entre vizinhos que moram em edifícios onde a prática acontece com frequência e deve continuar dando pano pra manga.

Dois artigos publicados pela Folha de S. Paulo nesta semana trazem reflexões importantes sobre o mercado imobiliário inserido no contexto de urbanização das cidades. No primeiro deles, Nabil Bonduki, ex-secretário de Cultura de São Paulo, professor titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e professor visitante da Universidade da Califórnia, discorre sobre os impactos da pandemia no futuro das cidades. Já Alexandre Benoit, doutor em Arquitetura e Urbanismo pela USP e professor da Escola da Cidade, por sua vez, afirma que as cidades precisam de ação emergencial para evitar o colapso urbanístico e que a pandemia torna urgente combate à especulação imobiliária e ocupação de imóveis abandonados. 

Analisando conteúdos nas redes sociais de páginas e perfis do imobiliário, Denis Levati verificou que a falta de foco é um problema comum. É por isso que Denis traz, em seu mais recente artigo no Imobi Report, três dicas de livros que podem ajudar os profissionais do mercado imobiliário a entender o poder do foco

No episódio desta semana do podcast “Vem Pra Mesa”, Sergio Langer entrevista Renato Rodrigues, CEO e fundador da Mais M², que fala sobre alguns tabus do mercado, a imagem do corretor de imóveis, canal de parcerias e exclusividade de vendas. 

E para você que prefere consumir conteúdo em áudio, o Imobi Report também tem um podcast semanal, que vai ao ar todas as sextas-feiras, no qual a nossa equipe comenta os principais destaques no noticiário do mercado imobiliário, o Semana Imobi.