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O renascimento do Edifício Virgínia: uma narrativa sobre preservação e modernidade

*Por Octavio Pontedura (sócio proprietário da Refúgios Urbanos)

Em mais de doze anos trabalhando como especialista da região de Higienópolis, é com grande entusiasmo que me vejo imerso na intrigante história do Edifício Virgínia. Este marco histórico da arquitetura sob a assinatura do renomado arquiteto José Augusto Bellucci, com seu pé-direito alto, varandas espaçosas e volumetria impactante é, ao mesmo tempo, um testemunho do passado e um vislumbre do futuro.

A notícia da transformação através de um projeto de retrofit revela como o Virgínia está destinado a evoluir sem perder sua essência. A tarefa de preservar a fachada, mantendo suas características originais, enquanto os interiores se renovam para abraçar o contemporâneo, é um desafio que promete uma fusão única entre passado e presente.

Localizado estrategicamente no centro de São Paulo, o Edifício Virgínia é mais do que um edifício; é um portal para parques, restaurantes, teatros e escritórios. Retrofitado, irá trazer, além da renovação estética, uma resposta à necessidade de atender a diferentes públicos. Os 47 apartamentos originais serão cuidadosamente adaptados para se alinhar aos padrões do morar contemporâneo, com plantas variando entre 25m2 e 180m2, mantendo a alma que os torna únicos.

Um aspecto particularmente empolgante deste renascimento é a revitalização do térreo. Mais de 1.000 m² de espaço multifuncional estão prestes a se tornar um epicentro de vida e dinamismo. A conexão do prédio com a rua vai ser restabelecida, proporcionando um lar para lojas, restaurantes, livrarias e outros empreendimentos criativos. É o edifício se prontificando a ser não apenas uma residência, mas um ponto de encontro vibrante para a comunidade.

Outro ponto a ser citado é a conscientização ambiental, que se destaca no projeto de interiores. A restauração dos pisos originais de taco em todos os apartamentos é um testemunho do compromisso com a preservação da história, enquanto a criação de móveis a partir do descarte de materiais de obra promove o reaproveitamento e contribui para a redução do desperdício.

Mas é na cobertura que o Virgínia revela sua verdadeira grandiosidade – um ponto de encontro único, oferecendo vistas panorâmicas de São Paulo, com um bosque de árvores frutíferas e palmeiras nativas. Este espaço, juntamente com um restaurante sustentável aberto ao público, transformará a cobertura em um oásis urbano, uma escapada do frenesi da cidade.

Por fim, a localização oferece serviços que têm um impacto positivo notável em seu entorno. Ao trazer vida a este pedaço de patrimônio arquitetônico, o prédio se destaca como um exemplo de como a preservação pode coexistir harmoniosamente com a modernidade, enriquecendo a experiência urbana na cidade. 

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Octávio Pontedura

Nascido em Londrina, vive em São Paulo há mais de duas décadas. Formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), seguiu carreira corporativa por boa parte da vida, trabalhando em empresas multinacionais de renome que o fizeram rodar o mundo. A paixão por novos desafios o fez viver na África por dois anos, mais precisamente em Acra, em Gana, onde gerenciava a área comercial de uma grande empresa de tintas. A fascinação por História, Arquitetura, Design e Interiores sempre esteve em seu radar e, por entender que era possível somar sua experiência profissional a essas paixões, decidiu dar um basta na carreira corporativa e se tornar corretor de imóveis. Apaixonado por Arquitetura e pelas histórias que se desenrolam dela, é corretor e sócio da imobiliária Refúgios Urbanos, à frente da equipe que atua na região de Higienópolis, Santa Cecília e arredores.

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