Opinião O mercado imobiliário e as eleições Atualizado 26 de novembro de 202011 de março de 2022 AutorElisa Tawil Compartilhar: Estamos em novembro de 2020 e nossa cidade precisa eleger seu novo prefeito e os 55 vereadores que compõem a Câmara Municipal. E nós, do mercado imobiliário, temos uma enorme participação nessa decisão. No próximo mandato, conforme determinado por lei, o Plano Diretor de São Paulo passará por revisão, o que configura o ano de 2021 como estratégico para o mercado imobiliário. Afinal, o Plano Diretor estabelece as diretrizes de como a cidade vai crescer e se desenvolver, representando uma discussão urbanística importante.Parte do reflexo dessa importância está no volume de doações feitas, especialmente ao atual prefeito e candidato Bruno Covas (PSDB), com o montante de mais de R$ 1 milhão doados por empresário do setor imobiliário, como afirmou em reportagem o jornal Folha de S. Paulo.Agora, o que a já consolidada nova configuração da Câmara Municipal de São Paulo pode nos trazer como mensagem para o setor?Nossa nova Câmara Municipal traz mensagens inéditas que também precisam ser ouvidas pelo setor imobiliário. É o caso da eleição da ex-codeputada na Assembleia Legislativa de São Paulo Erika Hilton (PSOL), mulher, trans, negra e periférica que conquistou mais de 50 mil votos. Ela quer construir mandato coletivo e diz que atuará em favor da população de rua e por melhorias na assistência social. Mandato coletivo é uma novidade e também precisa ser observado por todos nós. Neste ano, este modelo de candidaturas se multiplicou no país, segundo um levantamento do Centro de Política e Economia do Setor Público (Cepesp) da FGV, a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O número total desse tipo de candidatura passou de 13 registros na eleição de 2016 para 257 em 2020.É importante também observarmos que São Paulo elegeu um parlamentar negro a mais do que em 2016 e chegou a 11 vereadores eleitos neste ano. O número de pretos e pardos representa 20% do total de 55 parlamentares da Câmara. Em relação à representatividade feminina na Casa, cresceu 18% no comparativo com 2016, quando 11 candidatas foram eleitas. A Composição da Câmara em 2021 terá 76% de homens e 24% de mulheres.E o que estes exemplos impactam às empresas do setor, você pode estar se perguntando nesse momento, certo?A importância da diversidade de raça, gênero e orientação sexual fica a cada dia mais evidente e agora, com maior representatividade na Câmara, quem irá fiscalizar e legislar pela nossa cidade também mostrará que a pauta precisa ser vivenciada de dentro para fora.Os mandatos coletivos também traduzem mensagens importantes. Tivemos no nosso setor algumas iniciativas que mobilizaram vozes coletivas como crowdfundings para investimentos, coworkings com o compartilhamento de espaços corporativos e algumas tentativas de cohousing, a habitação compartilhada. O que a sua empresa tem feito a respeito?O mandato participativo pode indicar uma tendência aos espaços de decisão que evocam o coletivo e que, no dia a dia empresarial, é refletido na transparência das decisões, maior governança e convocação do seu público-alvo a participar também de maior número de etapas do processo de desenvolvimento.Quanto à diversidade, já está mais que na hora de você e sua empresa se preocuparem e agirem pela representatividade no quadro de colaboradores, na comunicação com sua audiência e na relação com os stakeholders. Nos próximos dias saberemos qual será o prefeito para os próximos quatro anos e, independentemente do escolhido, nossa participação como cidadãos e empresários do setor aumenta a cada dia, junto com nossa responsabilidade pela (re)construção da cidade. Elisa TawilIdealizadora e co-fundadora do movimento Mulheres do Imobiliário, LinkedIn Top Voices, colunista no blog Revista HSM (Empresas Shakti), idealizadora e host do podcast Vieses Femininos.Consultora estratégica para o Real Estate e mentora de negócios.