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Opinião

O mercado imobiliário e as eleições

Estamos em novembro de 2020 e nossa cidade precisa eleger seu novo prefeito e os 55 vereadores que compõem a Câmara Municipal. E nós, do mercado imobiliário, temos uma enorme participação nessa decisão. 

No próximo mandato, conforme determinado por lei, o Plano Diretor de São Paulo passará por revisão, o que configura o ano de 2021 como estratégico para o mercado imobiliário. Afinal, o Plano Diretor estabelece as diretrizes de como a cidade vai crescer e se desenvolver, representando uma discussão urbanística importante.

Parte do reflexo dessa importância está no volume de doações feitas, especialmente ao atual prefeito e candidato Bruno Covas (PSDB), com o montante de mais de R$ 1 milhão doados por empresário do setor imobiliário, como afirmou em reportagem o jornal Folha de S. Paulo.

Agora, o que a já consolidada nova configuração da Câmara Municipal de São Paulo pode nos trazer como mensagem para o setor?

Nossa nova Câmara Municipal traz mensagens inéditas que também precisam ser ouvidas pelo setor imobiliário. É o caso da eleição da ex-codeputada na Assembleia Legislativa de São Paulo Erika Hilton (PSOL), mulher, trans, negra e periférica  que conquistou mais de 50 mil votos. Ela quer construir mandato coletivo e diz que atuará em favor da população de rua e por melhorias na assistência social. 

Mandato coletivo é uma novidade e também precisa ser observado por todos nós. Neste ano, este modelo de candidaturas se multiplicou no país, segundo um levantamento do Centro de Política e Economia do Setor Público (Cepesp) da FGV, a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O número total desse tipo de candidatura passou de 13 registros na eleição de 2016 para 257 em 2020.

É importante também observarmos que São Paulo elegeu um parlamentar negro a mais do que em 2016 e chegou a 11 vereadores eleitos neste ano. O número de pretos e pardos representa 20% do total de 55 parlamentares da Câmara. Em relação à representatividade feminina na Casa, cresceu 18% no comparativo com 2016, quando 11 candidatas foram eleitas. A Composição da Câmara em 2021 terá 76% de homens e 24% de mulheres.

E o que estes exemplos impactam às empresas do setor, você pode estar se perguntando nesse momento, certo?

A importância da diversidade de raça, gênero e orientação sexual fica a cada dia mais evidente e agora, com maior representatividade na Câmara, quem irá fiscalizar e legislar pela nossa cidade também mostrará que a pauta precisa ser vivenciada de dentro para fora.

Os mandatos coletivos também traduzem mensagens importantes. Tivemos no nosso setor algumas iniciativas que mobilizaram vozes coletivas como crowdfundings para investimentos, coworkings com o compartilhamento de espaços corporativos e algumas tentativas de cohousing, a habitação compartilhada. 

O que a sua empresa tem feito a respeito?

O mandato participativo pode indicar uma tendência aos espaços de decisão que evocam o coletivo e que, no dia a dia empresarial, é refletido na transparência das decisões, maior governança e convocação do seu público-alvo a participar também de maior número de etapas do processo de desenvolvimento.

Quanto à diversidade, já está mais que na hora de você e sua empresa se preocuparem e agirem pela representatividade no quadro de colaboradores, na comunicação com sua audiência e na relação com os stakeholders. 

Nos próximos dias saberemos qual será o prefeito para os próximos quatro anos e, independentemente do escolhido, nossa participação como cidadãos e empresários do setor aumenta a cada dia, junto com nossa responsabilidade pela (re)construção da cidade. 

Elisa Tawil

Idealizadora e co-fundadora do movimento Mulheres do Imobiliário, LinkedIn Top Voices, colunista no blog Revista HSM (Empresas Shakti), idealizadora e host do podcast Vieses Femininos.
Consultora estratégica para o Real Estate e mentora de negócios.