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O que o mercado imobiliário precisa saber sobre ESG?
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O que o mercado imobiliário precisa saber sobre ESG?

02 jun 2021
Ana Clara Tonocchi
Ana Clara Tonocchi
6 min
O que o mercado imobiliário precisa saber sobre ESG?

Resumo

O termo ESG tem ganhado cada vez mais importância, inclusive no imobiliário e trata da economia sustentável nos negócios. Confira no Imobi.

Há um tempo, a palavrinha ESG vem pipocando em posts no Linkedin, palestras e, principalmente, na boca dos investidores. Sigla para Environmental, social and corporate governance, ou governança ambiental, social e corporativa refere-se a estes três fatores que ditam a sustentabilidade e o impacto social de uma empresa. E, nos últimos anos, além do lucro e dos números do caixa, esses critérios estão determinando o potencial e desempenho de empresas de todos os setores.

ESG
Paulo R. A. Cruz Filho, co-founder & soul of Flowing

“Não é de hoje que as empresas vêm sendo convidadas a se posicionar e transformar o mundo. O lucro deixou de ser o único fator que norteia uma marca, não é a única coisa que diz que uma marca é valiosa. Nesse cenário, vemos a ascensão do conceito de ESG”, explica Alexia Gassenferth Motter, especialista em Planejamento e Engenharia da AG7, durante a abertura do evento ESG Day, promovido pela AG7 Realty.

“O conceito de filantropia evoluiu muito e o mundo dos negócios também. Com o tempo, veio o conceito de responsabilidade social, mas até então parecia uma coisa externa à empresa: ‘eu tenho a minha operação e também ajudo as pessoas’. Aí, veio o conceito de sustentabilidade nos negócios: ‘eu faço um produto sustentável’. Mas, ainda eram desassociados do core das empresas. E, agora, chegamos a um nível avançado, de que essa busca seja genuína. Por exemplo: não adianta ter um discurso, mas ter uma contratação análoga a escravidão”, explicou Paulo R. A. Cruz Filho, co-founder & soul of Flowing, na sua fala.

ESG
Rachel A. S. Karam

Rachel A. S. Karam, sócia da TESK Sociedade de Advogados, corroborou e desenvolveu mais a explicação sobre a ascensão da sigla ESG. “O que estamos vivendo agora é a mudança do capitalismo. Até então, era uma dinâmica unicamente voltada para a maximização do lucro do acionista, mas passamos para uma visão que inclui o interesse dos stakeholders. O capitalismo de stakeholder preza que esteja escrito no seu contrato social, que seu objetivo social seja voltado à geração de impacto socioambiental positivo”, aponta.


Mas afinal, quem são os stakeholders e como o ESG os afeta?

Os stakeholders são todos os envolvidos na construção de uma empresa: clientes finais, colaboradores, governos, fornecedores e investidores. E praticar os princípios de ESG é ter uma visão socioambiental que engloba todos esses envolvidos.

“Quando você tem uma empresa engajada nos princípios de ESG, o colaborador também fica mais estimulado a trabalhar, já que sente que a empresa se preocupa com ele, com o meio ambiente, que gera um impacto positivo. Já em relação aos clientes finais, é importante entender que temos uma nova geração formada por uma base de consumidores preocupados com esses temas, de sustentabilidade e impacto social. E não podemos esquecer dos investidores: e aí falo tanto de equity, quanto investidor financeiro, ambos estão extremamente preocupados com ESG. Os maiores fundos de investimento têm uma preocupação se as empresas que eles investem estão alinhadas aos princípios de ESG, especialmente porque a imagem deles está 100% relacionada ao investimento que eles fazem”, detalha Alice Fulgêncio Brandão, sócia da Cescon, Barrieu, Flesch e Barreto Advogados.

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Alice Fulgêncio Brandão, sócia da Cescon, Barrieu, Flesch e Barreto Advogados

A importância da auditoria

Dentro dos parâmetros de ESG, é importante ter programas que avaliam e norteiam os processos das empresas para garantir que estas causem um efeito positivo no mundo. Este é o aspecto que se relaciona diretamente com o G, de governança.

“Para implementar ESG numa empresa é essencial que isso faça sentido para os donos, para os CEOs, para a direção. Se não fizer sentido, não vai funcionar. E recomendo que tenha uma equipe ou uma pessoa que vai olhar só para isso. É importante que um núcleo, seja individual ou coletivo, assuma, mas não que centralize essa pauta. Cada área, cada operação gera impacto, mas é importante ter alguém que garanta que isso está acontecendo até que a empresa ganhe maturidade e que o impacto seja integrado à operação”, explica Paulo.

A Teich Construtora, por exemplo, buscou as boas práticas de ESG para reprensar o trabalho que já vinha fazendo. “Com a implantação do ESG , estamos ressignificando a forma como nós já executamos algumas questões, como o lado ambiental, social, o de governança, para estruturar e trazer um modelo de negócios que atraia também investimentos”, conta Fabio Siqueira Giamundo, Diretor de Engenharia na Teich Construtora.

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Fabio Siqueira Giamundo, Diretor de Engenharia na Teich Construtora

Depois de um processo interno de ESG implementado, consultorias diversas podem ser contratadas para fazer a auditoria e garantir a imparcialidade, além de entregar relatórios que prestem conta para os investidores e demais stakeholders sobre os princípios socioambientais.


ESG na incorporação

A construção civil é responsável pelo consumo de 40% a 75% da matéria-prima produzida no planeta, além de um terço dos recursos naturais. Por isso, falar sobre sustentabilidade e impacto socioambiental é tão essencial. E esse desperdício pode acontecer independente do segmento – da habitação social ao altíssimo padrão.

“Acredito que as práticas de ESG vão unir todos os mercados, porque todos precisam de investimento e de políticas de governança. Então, vejo que o mercado de construção civil tem muito para crescer quando se trata de práticas de ESG. Por exemplo, pensando nos stakeholders e na nossa mão de obra, podemos fazer um trabalho melhorando as condições de moradia dos nossos próprios funcionários da construção. Se eu receber no meu canteiro um funcionário que passou uma noite boa numa casa bacana, dormiu bem, com certeza ele vai trabalhar de uma forma melhor, vai estar muito mais engajado conosco, por exemplo”, analisa Fabio.

“Você não precisa ter uma empresa, ou negócio, que atue numa faixa de renda mais baixa, para resolver um problema da nossa sociedade ou aderir a questões ligadas ao ESG. Então, fico muito contente de ver empresas de focos diferentes que têm, na sua essência, o mesmo propósito. Como incorporadoras diferentes, que estão construindo para públicos diferentes, mas fazendo a diferença na mesma cidade, melhorando o mundo em que vivemos e atuamos”, comenta André Czitrom, CEO da Magik JC.

André Czitrom, CEO da Magik JC
André Czitrom, CEO da Magik JC

6 passos para implementar ESG na sua imobiliária ou incorporadora

  1. Busque inspirações: leia, conheça empresas, lideranças, contratos que tenham como objeto social regras de sustentabilidade. É interessante, inclusive, buscar outros mercados e empresas de diferentes portes para se inspirar.
  1. Olhe para dentro: Conheça o impacto negativo que você gera: minha empresa emite muitos poluentes? Estamos usando materiais que não são biodegradáveis? Identifique seus processos para poder colocar um olhar de impacto positivo.
  1. Olhe em volta: mapeie os stakeholders da sua atividade e conheça-os. Procure ouvir e dar um lugar para seus stakeholders dentro da sua governança. 
  1. Crie políticas e dissemine o conhecimento dentro da empresa. Promova palestras, ações e valorize atitudes positivas.
  1. Crie um comitê, um conselho de administração ou um órgão da sua empresa que vai ajudar a ser o fiscalizador das regras e disseminar a cultura de sustentabilidade e impacto positivo.
  1. Defina indicadores de impacto social e ambiental, contando com o apoio de uma auditoria para avaliá-los. O grande objetivo do ESG é trazer instrumentos que promovam uma mudança no mundo, prestando contas para seus stakeholders e prevenindo fraudes.

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