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Inadimplência recorde muda rotina de imobiliárias e seguradoras

A taxa Selic estagnou em 13,75% ao ano e a inflação vem apresentando números negativos nos últimos meses. Porém, há um outro dado que preocupa na economia brasileira: o aumento da inadimplência, fator que traz impactos diretos para o mercado imobiliário, especialmente imobiliárias, financeiras e seguradoras.

O número de endividados bateu recorde em outubro e agora atinge 30,3% da população. Este é o maior índice da série histórica iniciada em 2010. Os números foram levantados pela Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) para a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

Em 12 meses, a alta foi de 4,7 pontos percentuais. Em outubro do ano passado, o total de inadimplentes era de 25,6%.  

Análise qualificada de clientes ajuda a reduzir inadimplência no imobiliário

Além de aumentar o risco de não recebimento de aluguéis, a inadimplência atrapalha a aprovação de financiamentos e a contratação de garantias locatícias, impactando negativamente o mercado imobiliário.

Não é um fenômeno recente no mercado da locação. As taxas de aprovação de cadastros de candidatos a inquilinos, que historicamente girava em torno de 52% a 54%, chegou à faixa de 36% a 37% em meados do ano. 

Por conta disso, seguradoras e garantidoras de aluguel apertaram o filtro e reduziram a proporção de cadastros aprovados no primeiro semestre de 2022, em relação ao ano passado.

A qualificação dos clientes tem se mostrado o melhor caminho para manter o caixa saudável. Algumas imobiliárias, seguradoras e financeiras consultadas pelo Imobi Report relatam que o uso de critérios mais rígidos vem gerando resultados positivos e assim a inadimplência entre mutuários sofreu ligeira redução nos últimos dois meses. 

Porém, o custo disso é restringir ainda mais o acesso à moradia para uma grande parcela da população. E com o risco de colocar bons pagadores entre os inquilinos negativados, reduzindo temporariamente o mercado. 

Vale ressaltar que o crédito consignado, formato em alta no país, prioriza a segurança dos bancos ao permitir o recebimento direto na fonte de renda do tomador. Sem garantias sólidas em caso de inadimplência, os demais agentes envolvidos neste modelo de negócio ficam de mãos vazias, favorecendo a formação de uma bola de neve e intoxicando o ecossistema. 

Na visão de especialistas, compromisso do cliente com dívidas imobiliárias é maior

No caso dos financiamentos imobiliários, uma característica positiva na comparação com outras modalidades é o maior compromisso dos clientes com o pagamento em dia. 

Rafael Costa, da Credihome by Loft

“As dívidas de financiamento imobiliário são as que menos atrasam, em um contexto geral. Isso acontece justamente por ser uma linha de crédito que exige uma maior programação e organização por parte do tomador”, afirma Rafael Costa, Head de Produtos Financeiros da Credihome by Loft.

Segundo Costa, por ser uma dívida de longo prazo, o cliente precisa sempre estar atento a detalhes como tempo de parcelamento, valores que realmente cabem em seu orçamento e taxas de juros. 

Neste cenário, o executivo também aponta outros pontos que devem ter a atenção dos clientes. “O cartão de crédito e o cheque especial, que são dívidas de curto e curtíssimo prazo, ou seja, mais imediatas – porém com uma taxa de juros muito grande – podem virar uma bola de neve. Isso faz com que o consumidor acabe se enrolando e isso pode atrapalhar – e muito – na conquista de novas linhas de crédito no futuro”, aponta.

Se contar com um histórico negativo, o consumidor terá dificuldade para realizar um financiamento imobiliário, ou até mesmo de um veículo, que são dívidas mais baratas e de longo prazo. “Mesmo que ele esteja com a vida financeira em ordem no momento que buscar essa linha de crédito, o fato de ele ter um registro negativo, com inadimplência no passado, pode impactar muito na hora de buscar essas novas fontes de crédito”, completa Costa.

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Rodrigo Arend

Jornalista multimídia com mais de 10 anos de carreira. É responsável pelo conteúdo do portal e da newsletter do Imobi Report, além de contribuir com outras frentes da maior plataforma de conteúdo imobiliário do Brasil.

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  1. José Ildo disse:
    Acho que tudo o que estamos passando em matéria de crise econômica é reflexo principalmente de como foi engendrada e administrada a pandemia. Um dia a conta chega e se não formos inteligentes o suficiente, a ressaca vai ser prolongada ainda por muito tempo.

    às 09:29