Para onde caminha o mercado de aluguel no Brasil?
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O mercado de aluguel no Brasil vem experimentando forte expansão nas últimas duas décadas. Dados recentes do Censo 2022, divulgados pelo IBGE, destacam essa evolução e ilustram como o aluguel tem se tornado uma alternativa habitacional cada vez mais procurada pelos brasileiros.
No ano 2000, apenas 12,3% dos domicílios brasileiros eram alugados. Dez anos depois, em 2010, esse percentual saltou para 16,4%, atingindo 20,9% em 2022. Esse aumento, em números absolutos, é ainda mais expressivo: enquanto o Brasil possuía cerca de 6,7 milhões de domicílios alugados em 2000, esse número passou para 18,8 milhões em 2022. Isso representa um crescimento anual de 5% ao ano, muito superior ao crescimento de 2,5% ao ano no número total de domicílios, o que indica que o aluguel está ganhando relevância no país em um ritmo que supera o aumento geral das residências.
Acredito que o crescimento do mercado de aluguel deve se manter por, pelo menos, mais 10 anos, impulsionado por três fatores principais:
- Alta taxa de juros no Brasil: Os elevados custos de financiamento imobiliário tornam a compra de imóveis inacessível para muitas famílias, especialmente em períodos de instabilidade econômica.
- Inflação nos custos de construção: O aumento nos preços de materiais e mão de obra, combinado com regulamentações urbanísticas mais restritivas, eleva o preço final dos imóveis, dificultando sua aquisição.
- Mudanças nos planos diretores e regulamentações urbanas: Restrições à construção em centros urbanos criam uma oferta limitada de novos empreendimentos, pressionando os preços do mercado.
Esses fatores, aliados à crescente busca por flexibilidade e mobilidade, indicam que o aluguel continuará a ser uma escolha atrativa para uma parcela significativa da população.
Outro elemento que tem facilitado o crescimento do mercado de aluguel no Brasil é a digitalização dos processos imobiliários. Até 2010, alugar um imóvel era um processo burocrático que podia levar várias semanas. Era comum que as imobiliárias exigissem como única alternativa de garantia dois fiadores com imóvel quitado na cidade, além de documentos que precisavam ser assinados e reconhecidos em cartório.
Hoje, graças à transformação digital, o cenário é completamente diferente. Plataformas digitais e soluções financeiras de garantia locatícia permitem que os inquilinos aluguem um imóvel de forma ágil e sem burocracia. Em muitos casos, é possível alugar e receber as chaves no mesmo dia. Essa redução de fricção tornou o aluguel uma opção ainda mais viável para quem busca praticidade e flexibilidade.
Dentre as regiões brasileiras, o Centro-Oeste merece destaque. Estados como Goiás, Mato Grosso e o Distrito Federal (DF) lideram em termos de penetração do aluguel. No DF, 33% dos domicílios são alugados – o equivalente a um em cada três. Esse cenário reflete a dinâmica econômica local e o perfil populacional da região, que conta com alta mobilidade de trabalhadores e demandas por soluções habitacionais mais flexíveis.
Entretanto, o Sudeste e o Sul do país permanecem como potências no mercado locatício, até por conta do déficit habitacional em tais estados. São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná concentram quase 50% de todos os imóveis alugados no Brasil, com taxas de aproximadamente 25% de domicílios alugados – o equivalente a um a cada quatro.
Em suma, impulsionado por mudanças econômicas, sociais e tecnológicas, o aluguel oferece uma alternativa habitacional alinhada às necessidades de uma sociedade em constante transformação.
Seja por questões financeiras ou por uma busca crescente por flexibilidade, o aluguel tem se consolidado como uma solução prática e acessível. E, considerando os fatores que sustentam essa tendência, é provável que o mercado de aluguel continue a desempenhar um papel central no setor imobiliário brasileiro pelos próximos anos.
Tudo certo! Continue acompanhando os nossos conteúdos.
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