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Hotéis tradicionais abrem alas para o short stay

A conversão de hotéis para modelo de short stay, hospedagem por curtos períodos, está ganhando espaço no Brasil. O movimento é explicado pelo aumento da popularidade de plataformas de aluguel por temporada, ajustando o mercado para atender à demanda de hospedagem.

É como reunir o melhor de dois mundos: a praticidade do hotel e o acolhimento de um imóvel com cara de casa – em que você pode cozinhar as próprias refeições, por exemplo. Trata-se de uma tendência que reflete a evolução dos mercados de moradia e de hospedagem, com soluções personalizadas e práticas.

Para adaptar hotéis e edifícios antigos ao short stay, são feitas ações como a remodelação de quartos, a incorporação de cozinhas e áreas de estar. A implementação de serviços que facilitem a estadia também são um diferencial, envolvendo, por exemplo, check-in e check-out digital e a contratação de serviços opcionais.

Os requisitos de hóspedes que procuram o short stay, de maneira geral, são mais acessíveis do que hotéis tradicionais, principalmente nas grandes cidades.

O que é short stay e long stay?

O long stay, na prática, é o mecanismo de aluguel tradicional e que ocorre por um período prolongado de tempo. Em geral, o período estipulado é de um ano para mais (até 30 meses), e inclui a cobrança mês a mês de despesas como luz e água conforme o uso.

Enquanto isso, o short stay tem mais semelhanças com a hospedagem em hotéis e o aluguel de temporada. O período médio de utilização do imóvel é na faixa de 30 dias, mas pode ser maior ou menor, conforme a necessidade do cliente, que costuma estar em viagem de trabalho ou lazer. Os encargos de uso do imóvel costumam estar contemplados em uma taxa fixa estabelecida no ato da contratação.

Apesar da crise de algumas proptechs que apostavam no segmento, como Casai e Nomah, que deixaram o Brasil, este mercado segue com investidores atentos por aqui.

Conversão de hotéis para short stay avança em São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro

A startup Charlie, fundada há pouco mais de dois anos, já realizou a conversão de três hotéis para o modelo de short stay: o Tulip Inn Paulista e o Ramada Hotel & Suítes Itaim Bibi, em São Paulo, e o Duque 1705, em Porto Alegre. A empresa também tem outras duas negociações em andamento no Rio de Janeiro, previstas para este ano.

Segundo o Charlie, a taxa de ocupação das unidades em funcionamento é de 80%, e o rendimento está 30% acima do retorno que seria obtido no formato tradicional.

“Há uma forte demanda por aluguel por temporada no Brasil. Tivemos prova de que esse modelo funcionava porque, na pandemia, enquanto os hotéis mantinham ocupação baixíssima, o Charlie manteve ocupação alta, em cerca de 90%, entregando o melhor custo-benefício. E o número de pessoas que trocou os hotéis tradicionais pelas hospedagens flexíveis aumenta a cada dia. Acredito que esse é o modelo mais resiliente de hospedagem e forte tendência para o setor”, afirma Allan Sztokfisz, CEO do Charlie.

Todo o processo de conversão dos hotéis é realizado pelo Charlie. É realizado o rebranding de marca, gerenciamento do empreendimento, mudanças de arquitetura e mobília, treinamento de colaboradores, entre outros. Então as unidades são anunciadas nas plataformas digitais.

O CEO do Charlie complementa dizendo que nos últimos anos os processos para conversão de hotéis passam por uma desburocratização relevante, facilitando o atendimento às demandas. 

Segundo Sztokfisz, a nova legislação permite manter a estrutura e fazer todas as adequações no local sem precisar demolir. Ou seja, enquanto a base da construção é mantida, é projetado um ambiente novo para seu interior, com o objetivo de entregar uma modelagem de alto padrão a valores mais acessíveis do que a hospedagem tradicional. De acordo com a startup, no centro de São Paulo, um quarto pela Charlie sai por, em média, R$ 199 a diária, contra R$ 310 pela estadia em um hotel quatro estrelas. 

Mais empresas apostam no short stay e na conversão de hotéis

Proptech criada há menos de um ano, a Xtay conta com unidades no Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina, além de ter planos para a região Nordeste. A empresa integra o portfólio da Atrio Hotel Management, a terceira maior operadora hoteleira do Brasil.

Um dos destaques da empresa é o Xtay Princess Curitiba, que fica no centro da capital paranaense. São 20 apartamentos compactos, com até 25m², totalmente mobiliados e com foco na entrega de uma operação com padrão de hotelaria internacional. Estão presentes na estrutura itens que fazem parte do checklist do público de short stay, como Academia, área Gourmet, espaço pet, lavanderia e vaga de garagem. 

“1.400 novos estúdios e apartamentos se somarão ao parque da empresa em 2023”, diz Gabriel Fumagalli, co-fundador e CEO da Xtay.

Outro movimento ligado a este avanço pelo país é o retrofit, remodelação de construções antigas para padrões contemporâneos, incluindo adaptações arquitetônicas e reformas estruturais.

Entre os imóveis mais procurados para estes procedimentos estão exatamente os antigos hotéis, que, após reformados, tornam-se unidades voltadas para short stay ou, em alguns casos, residências. 

Um exemplo emblemático é o Hotel Everest, em Ipanema, no Rio de Janeiro, que tem mais de 60 anos de história e está passando por retrofit. Com a adaptação aos novos formatos de locação flexível, a expectativa é de que as unidades possam render 70% acima do retorno estimado para a locação tradicional.

Também na capital fluminense, o Hotel Glória, está sendo repaginado e deve ser reinaugurado em 2026. A construção centenária, que hospedou nomes como Albert Einstein e Marilyn Monroe, terá 266 apartamentos depois de reformada, com valores a partir de R$ 1,9 milhão.