Imobiliárias

Home office para os corretores de imóveis vale a pena?

Em uma empresa, um dos maiores e mais importantes desafios é fazer uma boa gestão de pessoas. No mercado imobiliário, não é diferente. Muito temos falado do impacto do home office e do modelo híbrido de trabalho, mas no caso da rotina de uma imobiliária, as práticas são um pouco diferentes. Em um mercado que exige muito dinamismo, corretores de imóveis podem trabalhar em home office?

home-office

Na Axpe Imóveis Especiais, o ambiente de trabalho sempre foi importante para promover a integração entre o time. “Antes da pandemia, nós éramos uma empresa intensamente presencial. Mesmo que os corretores estivessem boa parte do tempo na rua, apresentando imóveis e tendo acesso ao nosso sistema de qualquer lugar, o time sempre gostou de frequentar o escritório para cruzar com colegas, trocar experiências, compartilhar, com um ambiente super positivo”, conta José Cazarin, CEO da imobiliária.

Porém, como todo o resto do mundo, em março a empresa foi obrigada a fechar as portas do escritório e trabalhar remotamente. A sede ficou fechada até o final de 2021, e chegou a reabrir brevemente, mas, com a ascensão da variante Omicron, a opção foi fechar mais uma vez. Até que em fevereiro de 2022, o time voltou a ter acesso ao escritório, porém, de forma opcional. “Hoje, a empresa opera de maneira absolutamente normal em termos de eficiência, com boa parte do time optando por permanecer em home office. O escritório está aberto, mas é muito difícil que alguém faça uso. Eventualmente algum corretor ou colaborador da staff precisa de informação e vai presencialmente, mas posso afirmar que na Axpe, trabalhamos remotamente”, comenta o executivo. “Inclusive, já temos pessoas do time de staff que não moram em São Paulo. Nossas reuniões no Zoom costumam começar com ‘onde você está?’, e a pessoa respondendo ‘ah, eu to na praia, no interior, aqui, acolá’”, diz. 

Home office na burocracia, presencial no trato com o cliente

 Na RE/MAX Collection, especializada na Zona Sul de São Paulo, a principal preocupação ao aderir ao trabalho remoto era no trato com os clientes. “No nosso modelo de negócio, temos um vínculo muito grande com os proprietários. Quando a pandemia chegou, naquele primeiro instante, nosso medo foi exatamente por essa relação, uma vez que 99% das nossas reuniões e apresentações eram presenciais. Já existia Zoom e outras plataformas de comunicação, mas não estavam presentes na nossa realidade”, conta Marco Aurélio Sanches, corretor e sócio da RE/MAX Collection. “Rapidamente aderimos a essas ferramentas na nossa rotina e começamos entender como poderíamos continuar próximo dos nossos clientes nessa nova realidade”.

Hoje, mesmo com a pandemia sob controle, a realidade e a demanda já mudaram – por conta de suas agendas apertadas, os próprios clientes optam por reuniões virtuais. “Nessa nova realidade, entendemos que não poderíamos abrir mão da nossa essência, que ainda é o olho-no-olho, mas encontramos na tecnologia uma ferramenta para facilitar”, explica. “Hoje, oferecemos a possibilidade do cliente vir até a loja ou a gente fazer uma call, por exemplo. Abrimos o leque, há clientes que preferem um contato pessoal e presencial, enquanto outros são mais práticos e preferem resolver virtualmente”, detalha.

E home office no interior, também funciona?

A RE/MAX Jardins, unidade em Ribeirão Preto, percebe resiliência na demanda do cliente por atendimento presencial. “Diferente de outras cidades onde o cliente não quer pegar trânsito, quer resolver tudo virtualmente, aqui o presencial é muito importante para o consumidor. Ele quer visitar seu escritório, entender seu trabalho, te conhecer pessoalmente”, comenta Elisa Cais, corretora e sócia da imobiliária.

Por isso, mesmo trabalhando no modelo híbrido, a orientação é que o primeiro contato com o cliente seja sempre presencial. “Os convidamos para visitar nosso escritório, fazer a apresentação do nosso modelo de negócios presencialmente, com um café, uma proximidade”, aponta a corretora.

Para as rotinas administrativas, o remoto tem sido preferido. “Algumas funções você desempenha melhor quando está sozinho, montar apresentações, precificação, burocracias. Eu mesma já tinha prática de fazer reuniões virtuais antes da pandemia e isso se intensificou, principalmente reuniões de times”, explica Elisa.

“É interessante observar que tem gente que adora trabalhar remotamente, mas algumas pessoas têm dificuldade em trabalhar em casa. Por isso, deixamos as portas do escritório abertas para que o corretor faça sua própria agenda”, corrobora Marco. “Hoje, temos clareza que essa pseudodistância do time não impactou a produção, não perdeu o sentido de equipe. As pessoas continuam se ajudando, continuam fechando parcerias, trocando figurinhas pessoalmente, por WhatsApp, telefone…”. 

A um metaverso de distância

Há os casos de imobiliárias que já nasceram no ambiente digital, como a eXp Realty. O grupo faz uso de um metaverso para integração de corretores de todo o mundo desde 2012 e aposta tanto no ambiente virtual para seus corretores que, há alguns anos, adquiriu a Virbela, uma empresa especializada no desenvolvimento de metaversos.

“O eXp World é um mundo virtual, com centro de convenções, áreas de lazer, escritórios, salas de reunião. Já era uma vantagem muito grande ter esse ambiente, mas na pandemia isso foi exponenciado. Podemos nos reunir com pessoas que estão em diversos lugares do país e no mundo, em uma mesma reunião”, comenta Luiz Barcellos, managing director da eXp Brasil.

 “No dia a dia, utilizamos muito nosso metaverso para treinamentos, reuniões, encontros com pessoas de outros países. Como somos uma empresa de 73 mil corretores, é um espaço de conexão sem fronteiras. E os espaços de lazer, como a praia, espaços de esporte, etc, propiciam momentos mais descontraídos”, detalha Elisa Tawil, head de Growth e Onboarding na imobiliária. “A disseminação dos resultados, avisos, cultura, todos os comunicados são gerados e replicados pelo eXp World. Também temos uma rotina de treinamentos muito intensa, semanais com todo o time. E esses treinamentos acontecem na eXp University”, conta.

Além disso, há convites para pessoas de fora da eXp que podem ser disponibilizados. Como ilustra a imagem abaixo, essa entrevista mesmo aconteceu no metaverso. “Esses guest pass são super importantes para a relação com os clientes. Por exemplo, estou conversando com um cliente, quero apresentar a eXp para esse proprietário. Posso convidá-lo para uma reunião virtual, para que ele conheça a magnitude da eXp”, aponta Elisa.

Entrevista do Imobi Report no metaverso da eXp

Ana Clara Tonocchi

Jornalista formada pela UFPR, com experiência também como assessora de imprensa, participa do Imobi desde a sua fundação. É uma das responsáveis pelos conteúdos do portal e pela newsletter do Imobi Report.

Ver artigos

Seja o primeiro a comentar!