Opinião ESG e intraempreendedorismo aplicados ao setor imobiliário Atualizado 4 de março de 202111 de março de 2022 AutorElisa Tawil Compartilhar: É o assunto nas rodinhas: o termo ESG (“ésgui”), que vem do inglês Environmental, Social, and Governance (Governança socioambiental, ou “ASG” para a versão em português), está carregado de significados e atitudes que refletirão não só na rotina corporativa, como no fluxo de caixa e na reputação das empresas. Seguindo a onda do momento, na última semana de fevereiro, abrimos uma sala no aplicativo que assumiu protagonismo importante também no mercado imobiliário – o Clubhouse* – para debater o tema ESG/ASG aplicado ao setor. A moderação ficou por conta de Giovanna Carrilho, líder de marketing na MGQ Construtora e Incorporadora de Imóveis e consultora de marketing focada em mulheres corretoras e por mim, Elisa Tawil, idealizadora e cofundadora do Movimento Mulheres do Imobiliário e Head de Growth e Onboarding Specialist na eXp Brasil.Para aprofundarmos no tema, recebemos como convidada especial a sócia-fundadora da consultoria Pares, Alda Marina Campos, que está também à frente do centro de intraempreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC).Durante o painel, Alda reforçou qual será a dinâmica que deve reger as corporações quando a pauta é a responsabilidade e governança socioambiental: como colocar a pessoa no centro e minimizar danos aos recursos naturais.Alda explicou de forma lúdica e leve como as empresas e corporações vêm lidando com o assunto: “é como sexo na adolescência: todos falam, poucos fazem e poucos fazem bem. E pode mudar a sua vida”, um tom de brincadeira para um assunto que se torna ainda mais sério a cada dia.Quando incluímos a pessoa no centro dos negócios, precisamos lidar com mais variáveis além do lucro e resultados. Uma dinâmica complexa para o setor imobiliário, que é baseado, tradicionalmente, numa lógica de valor tangível.Para encontrar respostas e orientações para a complexidade do tema neste segmento, trouxemos durante o painel mais um elemento como aliado à causa: o intraempreendedorismo. “Os intraempreendedores criam novos modelos de negócio, novos produtos e novos serviços e contribuem para um processo de inovação mais ágil. Em particular, intraempreendedores de impacto desenvolvem produtos e serviços mais sustentáveis, transformando desafios socioambientais em oportunidades de negócio. Além disso, intraempreendedores de impacto evidenciam que a empresa segue um propósito além do lucro – algo que atrai talentos que procuram um sentido mais profundo no seu trabalho.” Esta definição, que está contida no Relatório Final do Centro de Intraempreendorismo da FDC, mostra o caminho para as alavancas de valor deste modelo de negócios: melhorar o faturamento, a imagem e a avaliação da empresa.Neste momento você pode estar se perguntando como a sua empresa está lidando com a Governança Socioambiental. Para este questionamento, Alda nos orientou através de um “passo a passo” do diagnóstico”, seguindo as seguintes etapas:1. Procure pelo inquietoQuem é o inquieto dentro da organização? Procure pelas pessoas que questionam, que estão incomodadas com algo e que podem ajudar a orientar o caminho para e pela inovação.2. Faça uma autoavaliação“É como um exame de sangue. Você só vai saber o nível do seu colesterol com os resultados em mãos”, disse Alda sobre a importância das empresas se auto avaliarem. Ela ainda indicou o modelo de avaliação de impacto B, oferecido pelo sistema B e que pode ser realizado de forma gratuita pelo link.3. Prepare-se o para o processo Não se trata de uma virada de chave. Incorporar tais mudanças organizacionais é um processo contínuo e requer preparação. Para isso, as pessoas, os projetos e negócios precisam ter consciência de que iniciarão um caminho de transição de cultura e valores. Intraempreendedorismo é uma prática e não uma ciênciaIncorporar mudanças estruturais não é fácil e para construir a sua comunidade interna, que pode (e deverá) se apaixonar por essa nova ideia, é preciso dialogar com três das grandes “dores” (desafios, dificuldades) sentidas pelas organizações:Inovação de forma contínuaEngajar e atrair talentosSer uma empresa maiorA principal indagação para se fazer a aqueles que estão dispostos a começar: você quer ser a maior empresa do mundo ou a melhor empresa para o mundo?Para engajar novos talentos e orientar para o cuidado com a cultura empresarial, principalmente com os impactos da transformação digital e imposições do trabalho remoto, a contribuição de colaborações externas, como o Movimento Mulheres do Imobiliário, é fator essencial para uma visão de futuro sustentável.Cuidar da cultura empresarial para que ela seja um terreno fértil sobre o qual possamos construir as fundações, estruturas e continuidade das organizações. Foi assim, com essa analogia bem compreensível para aqueles que lidam com nossos setor imobiliário, que concluímos a importância de incorporar tais assuntos nas agendas dos decisores deste mercadoA lição de casa para aqueles que estão prontos para esta mudança de valor: cuidem do desenvolvimento das lideranças para destravar seu potencial humano e da cultura, para que seja um bom terreno para as ideias e para que elas não morram.Cuidem de como os assuntos estão na média liderança: a maior parte da inovação pára na média liderança, seja por medo ou pela falta de espaço.“Precisamos levar a visão da integridade corporativa com maior consistência para os mercados adotarem o olhar ASG (ESG) com práticas estruturantes, que não sejam superficiais ou de curto prazo. Estou à disposição para participar dessa conversa em outros fóruns do mercado imobiliário. Foi um prazer participar desse fórum do MI (sic) no ClubHouse”, relatou Alda após sua primeira experiência na plataforma.E não deixe de conferir seu “estoque de nãos” antes de começar. Para o processo interno de mudança, muitos “nãos” irão surgir, esteja com seu estoque calibrado. Sucesso na sua jornada transformadora!*O Movimento Mulheres do Imobiliário oferece uma sala aberta com temas diversos todas as quintas-feiras, às 8h30 no Clubhouse. Elisa TawilIdealizadora e co-fundadora do movimento Mulheres do Imobiliário, LinkedIn Top Voices, colunista no blog Revista HSM (Empresas Shakti), idealizadora e host do podcast Vieses Femininos.Consultora estratégica para o Real Estate e mentora de negócios.