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Chega ao fim a Rede Secovi: as redes imobiliárias estão em risco?

Chegou ao fim a atuação da Rede Imobiliária Secovi, grupo de parceria formado por imobiliárias associadas ao Secovi-SP (Sindicato da Habitação), que também contava com um portal de anúncios. A decisão pelo encerramento da rede foi comunicada aos associados nesta semana.

A rede surgiu para dar suporte às imobiliárias associadas, objetivo que ganhou relevância diante do avanço de concorrentes no ecossistema – como ZAP, OLX e, mais recentemente, a Rede QuintoAndar

Nos últimos anos, investimentos pesados foram realizados para dar robustez à Rede Secovi. As ações envolveram desde a criação e fortalecimento da marca até o desenvolvimento de um sistema próprio.

De acordo com o diretor de Intermediação Imobiliária do Secovi-SP, Ricardo Paixão, o encerramento da Rede Secovi se deu pela comprovação da falta de aderência do projeto. “Fazer parcerias e ter um portal de anúncios é algo que não estava bem delineado dentro da estrutura de um sindicato”, alega.

Segundo Paixão, a ideia é que o sindicato canalize a energia que era dedicada para a rede em outras ações, especialmente voltadas ao diálogo entre associados, imobiliárias e a sociedade. Em relação aos recursos aplicados ao longo de anos na Rede Imobiliária Secovi, o diretor afirma que há um legado.

“Deixam de existir o portal de anúncios e o sistema de parceria, mas todo o restante será aproveitado. Iremos dividir esta estrutura em seis novas diretorias: Diretoria de Inovação e Acompanhamento de Startups; Diretoria de Portais, Marketplaces e outras formas de Geração de Leads; Diretoria de benefícios para os Associados; Diretoria de Interior; Diretoria de Legislação; e Diretoria de Qualificação e Treinamentos. Estamos realizando o chamado para a constituição destes grupos, que serão formalizados no dia 11 de agosto”, conclui Paixão.

As redes imobiliárias estão em risco?

O fim da Rede Secovi é um movimento que joga luz sobre a sobrevivência das redes. Neste caso específico, a iniciativa desenvolvida por um sindicato não alavancou. Porém, o sistema de parcerias é uma forte tendência em países como os Estados Unidos, por exemplo. No Brasil, a percepção é de que existe uma barreira cultural. 

Na visão de Daniel Claudino, analista do mercado imobiliário e consultor da Agência CUPOLA, o fracasso da Rede Secovi mostra que o trabalho não é simples. Para esta tendência se materializar por aqui, é necessário um esforço articulado que vá além da boa vontade.

“São várias interpretações possíveis, que envolvem até mesmo um olhar cuidadoso sobre o futuro das redes. O que fica claro é que, esse tipo de iniciativa precisa de uma gestão independente com objetivos comerciais próprios. Sem o impulso de um dono, uma estratégia bem articulada, o negócio fica insustentável”, avalia Claudino.

Em geral, a criação de uma rede de parcerias surge da iniciativa privada, como a Rede Brasília ou a Apolar, em modelo de franquia. Outro exemplo é a Netimóveis, que teve início em Belo Horizonte (MG), mas criou uma estratégia de expansão e se espalhou pelo Brasil. Neste modelo de parceria, até 70% das vendas são compartilhadas.

Construção de uma nova cultura

Claudino ainda reforça que imobiliárias diferentes são concorrentes, mas também podem ser parceiras. Unidas, eles conseguem ter comissões melhores e tornar o mercado mais saudável e lucrativo. É comum em redes locais trocas de negócios mantendo 50% de comissão. 

“O que temos hoje é um grande encarecimento do Custo de Aquisição de Cliente (CAC). Isso faz com que o desperdício de leads e contatos nas imobiliárias tenha de ser reduzido ao máximo. É essencial não perder negócio. Por isso, as parcerias são tão relevantes. Porém, esbarramos no aspecto cultural, que precisa ser contornado”, aponta.

Para fechar, Claudino ressalta que, no Brasil, os times de vendas ainda são muito presos a olhar só para dentro da própria carteira, sem considerar a carteira de parceiros. “Ainda que haja o compartilhamento de inventários de imóveis, os corretores ainda olham para isso com muita desconfiança. É um grande desafio a ser trabalhado no modelo de rede. É um preconceito que gigantes como QuintoAndar e Loft têm o desafio de superar no trabalho junto aos seus corretores e imobiliárias parceiras”.

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Rodrigo Arend

Jornalista multimídia com mais de 10 anos de carreira. É responsável pelo conteúdo do portal e da newsletter do Imobi Report, além de contribuir com outras frentes da maior plataforma de conteúdo imobiliário do Brasil.

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  1. Eduardo Ambrósio disse:
    O nobre jornalista "esqueceu-se" de fazer um contraponto de grande relevância. Deveria citar o sucesso da maior rede de imobiliárias do Brasil e do Mundo. Sucesso este, adquirido tanto no crescimento em negócios (VGV/VGC), quanto no aumento de lojas a cada mês. Somente em nosso país a RE/MAX possui mais de 570 imobiliárias, que viabilizam grande parte de seus negócios em parcerias, inclusive com imobiliárias de fora da rede.

    às 14:04

  2. rosangela miranda disse:
    na minha opinião o que precisamos urgentemente não é só abrir a carteira para parceria e sim ter uma Lei forte e que seja cumprida no sentido que somente CORRETOR CREDENCIADO, possa vender, pq porteiro, sindico, amigo, vizinho e etc...não é corretor. não paga anuidade. O que precisamos é que o corretor seja respeitado com um profissional, Tem vários sites que falam para o proprietário anunciar, isso é um desrespeito ao corretor, que paga sua anuidade, paga site, leads e etc...Portanto o corretor acaba sim sendo desconfiado e inseguro em abrir sua carteira porque não existe uma Lei que verdadeira o respalde e de segurança em vc passar todos os dados para o cliente e ele muito esperto vai e acaba comprando direto com o proprietário. O certo era ser obrigado na escritura ter o CRECI do corretor, o valor da comissão e etc. Precisamos sim de respeito com a profissão..que está cada dia mais dificil.

    às 09:20

  3. Ivanor de Assis Silva disse:
    Rodrigo, Boa tarde Quando foi criado a rede Netimóveis, eu trabalhava em uma imobiliária, que aderiu a este sistema Com pouco tempo, foi constatado, que a facilidade de acesso de colegas mal intencionados, possibilitou vendas "por fora" . Então a rede dificultou este acesso. Não sei se deu certo, pois saí desta imobiliária e fui trabalhar em outra, pertencente à rede concorrente. Lá o problema foi pior. Gerentes facilitavam fechamentos sem o conhecimento da imobiliária captadora. E agora, tem uma gigante oferecendo polpudas comissões para captadores, o que resultou um verdadeiro inferno para os corretores que anunciam. Com a criação da Plataforma E Móvel, basta o captador saber o endereço do imóvel, e ele consegue "roubar" a captação colega. Hoje, em cada 20 telefonemas de anuncio que faço, 15 são de colegas tentando captar o imóvel que anunciei Espero que este procedimento acabe um dia.

    às 13:59