Housi
Imobiliárias

CEO da Housi revela como pretende triplicar o tamanho da empresa em 2021

A Housi está em contínuo movimento. A plataforma digital de locação, que fechou 2020 com R$ 10 bilhões em imóveis sob gestão, projeta triplicar esse valor até o final deste ano. E o plano para a quantidade de pessoas cadastradas na base da empresa é ainda mais ousado: passar de 100 mil para 500 mil. 

A startup criada por Alexandre Frankel informa que já ultrapassou 9 mil locações e 20 mil usuários desde sua criação, em 2019. Se no início de 2020 a atuação era restrita ao mercado de São Paulo, hoje a Housi opera empreendimentos em 25 cidades e projeta fechar o ano com presença em 80 municípios do País.

Para atingir essas metas, uma das vias, segundo Frankel, é a aceleração do projeto de tornar a Housi um marketplace de outros operadores de unidades residenciais pelo país. Neste modelo, a Housi disponibiliza sua plataforma para que imobiliárias, administradoras de imóveis e mesmo proprietários individuais divulguem seus imóveis. Com a iniciativa, a Housi prevê arregimentar 20 mil novas unidades operadas por esses parceiros.

“Vão surgir várias plataformas regionais de locação pelo Brasil, ligadas ou não a alguma incorporadora. Acredito muito nesse modelo, nessa customização, nesse conhecimento local. E a Housi é uma solução tecnológica que permite todo esse desenvolvimento”, diz o CEO da empresa, que, em seus materiais de divulgação, promete aos investidores uma rentabilidade até 50% superior à de locações tradicionais.

Em entrevista ao Imobi Report, Alexandre Frankel detalha como tem atraído incorporadoras para as fileiras da Housi, fazendo da eficiência na captação de imóveis – maior desafio atual das imobiliárias de locação – um dos principais diferenciais da startup. 

Alexandre Frankel, CEO da Housi
Alexandre Frankel, CEO da Housi

Ele comenta ainda o crescimento das empresas que buscam se adaptar aos novos hábitos do consumidor, especialmente a redução gradual do período de permanência nos imóveis locados. Confira:

Imobi Report: Nos Estados Unidos, observa-se uma demanda crescente pelo modelo de aluguel chamado de média permanência, que tem como representante mais destacado a Landing. O cliente nesse caso é uma pessoa sem um prazo pré-determinado para ficar no imóvel e que tem facilidades para se mudar para outras unidades do grupo. A Housi também pode ser classificada como operadora desse meio termo entre o formato AirBNB, de curtíssima duração, e o modelo de locação tradicional, de longo prazo?

Alexandre Frankel: O que nós chamamos de moradia por assinatura é exatamente isso. Você tem a curta permanência, a longa permanência e nós acreditamos na qualquer permanência. A nossa filosofia é uma moradia flexível. A pessoa pode escolher, em múltiplos de mês, quanto tempo ela quer ficar, se 1, 3, 6, 24, 36 meses. E desde a fundação da Housi a pessoa pode mudar para qualquer outra unidade da base através de um simples clique de botão na plataforma. 

A ideia é que se a pessoa precisar de mais espaço ou trocar de cidade porque mudou de emprego, ela possa mudar sem nenhum tipo de trava. A gente trabalha também um free trial [“degustação], que geralmente varia de 4 e 30 dias, em que a pessoa experimenta uma localização e se ela não gostar pode simplesmente desistir daquele contrato ou solicitar uma mudança sem nenhum tipo de custo. 

Acredito piamente que esses modelos que permitem uma vida mais fluida, que não tenham restrições e travas, são o futuro da moradia. Estamos falando de pessoas que são freelancers, trabalham em plataformas ou por conta própria, e esse novo dinamismo do home office permite que elas possam se mudar de cidade, fazer cursos, ampliar relacionamentos sem estar presas a um único lugar. 

A moradia deve acompanhar a pessoa para cada momento da sua vida – pode ser uma questão familiar de casamento, filhos ou de divórcio, ou uma questão de ficar mais perto do trabalho, da escola dos filhos, ou de economia, na busca por um lugar menor ou mais barato, ou então de fazer um upgrade porque ela quer mais espaço. 

Imobi Report: A captação de imóveis é uma das principais dores atuais das imobiliárias de locação, e um dos nichos a serem explorados por elas é a parceria com incorporadoras – uma das especialidades da Housi. Que vantagens a Housi percebe como diferenciais do mercado para atrair esses incorporadores?

Alexandre Frankel: Na Vitacon, entendi profundamente quais são as dores, as necessidades dos incorporadores. A gente produziu nesse pouco tempo de existência da empresa mais de 15 mil unidades, principalmente com foco em imóveis para investidores. Essa bagagem permitiu trazermos uma solução. A Housi ajuda a incorporadora vender mais, a vender melhor e vender com mais velocidade. 

Quando a gente traz a nossa marca, a solução de moradia por assinatura, isso é sinônimo de confiabilidade, de rentabilidade e de solução para aquela pessoa que pretende investir. E isso só se dá porque temos o morador final, que no fim é para quem a gente trabalha. Então o modelo é bom para o investidor e para o incorporador porque eles têm a demanda do consumidor final, que se identifica com o que a Housi traz de solução de dia a dia, de facilidade. Tudo isso é um grande pacote inédito no mercado. 

A gente traz uma grande bandeira residencial que consegue dar esse impulso a um mercado que é extremamente pulverizado, que nunca experimentou o poder da profissionalização da escala e da tecnologia. E se saímos em um ano de pandemia de duas cidades e acabamos atualmente com mais de 40 cidades é porque a gente tem ajudado os incorporadores do Brasil inteiro e temos uma solução que a sociedade entendeu como algo muito alinhado com as necessidades, com a vontade, com a vida moderna e dinâmica que nós temos hoje. 

O nosso modelo é totalmente associativo, a Housi só existe porque existem incorporadores, moradores e operadores imobiliários no Brasil inteiro, então nós somos os conectores, conseguimos através da tecnologia unir todas essas partes e trazer uma solução jamais vista antes em nenhum lugar do mundo.

Imobi Report: Você fala da Housi como solução do dia a dia para o morador, mas para incorporadoras a Housi também traz essa modelagem pronta do negócio, tanto atuando na locação quanto provendo serviços e também fazendo de alguma forma a administração do condomínio. Também é um desafio da empresa replicar para o proprietário esse modelo de prover facilidades?

Alexandre Frankel: Sem dúvida, o incorporador já tem que fazer tanta coisa, tem que se preocupar com a estrutura financeira, em construir, em aprovar, em lidar com cliente, lidar com órgãos públicos, então já é por si só uma atividade muito complexa e que demanda um esforço sobrenatural para a consecução de um empreendimento. E a Housi traz aquilo que ele não tem tempo nem foco para fazer. A gente conversa direto com grandes empresas de tecnologia como a Amazon, a Netflix ou outras soluções que trazem facilidades e argumentos para o empreendimento. E é óbvio que o incorporador individual, que faz um, dois ou três prédios em determinada região do Brasil não consegue ter esse foco, ter uma equipe de tecnologia, a força da marca, não tem uma rede nacional de prédios em que a pessoa pode mudar para qualquer unidade em todo o Brasil, como na Housi. 

Isso é um modelo associativo, um modelo de operação que é o futuro da economia. Outros segmentos como softwares, telefones inteligentes ou o mercado de computação já entenderam isso há muito mais tempo, por isso que temos um Vale do Silício, temos soluções incríveis e que transformaram o mundo. 

A Housi tem o poder de unificar os incorporadores, proprietários e investidores junto aos diversos operadores e prestadores de serviço e ao nosso cliente final, que é para quem todo esse ecossistema trabalha. 

Imobi Report: A Housi cobra do proprietário uma taxa de administração que varia entre 12% e 20% da locação, superior ao praticado habitualmente no mercado. O que justifica esse valor?

Alexandre Frankel: Primeiro, o investimento que o incorporador faz [na Housi] é praticamente todo revertido em leads para vendas, e é praticamente a assessoria que ele pagaria por exemplo para um consultor de arquitetura ou de projeto. Então é muito barato, se pegar o valor do m² é praticamente irrelevante, eu diria que para o incorporador o custo é zero. E o incorporador vende o apartamento e a partir daí ele não se preocupa mais.

O incorporador que tem Housi junto com seu empreendimento está a anos-luz de distância daquele que faz um produto convencional. Ele tem tecnologia, tem plataformas digitais, serviços, uma argumentação, ele tem distribuição mundial daquele projeto, uma marca forte, uma bandeira que fortalece o empreendimento. E como a Housi só ganha qualquer remuneração se performar a locação, estamos totalmente alinhados com o princípio dele. 

E o percentual é praticamente o mesmo que ele pagaria em qualquer imobiliária de bairro ou qualquer outro portal de administração, e a gente entrega muito mais, a gente zela por aquele patrimônio, gera um valor superior e cuida de absolutamente tudo. O único afazer desse investidor é acompanhar a rentabilidade daquele ativo na tela do celular. A gente disponibiliza um relatório em tempo real em que ele acompanha o desempenho daquela unidade em tempo real. 

Transformamos aquele investimento imobiliário, que dá um trabalho que você não acredita para gerir de conta própria, praticamente numa aplicação financeira, com a qual ele não precisa se preocupar. E isso tudo se dá porque a gente consegue oferecer algo diferenciado para o consumidor final.

Imobi Report: Há um movimento no mercado de incorporadoras grandes, médias e pequenas que se associam a plataforma de locação ou criam departamentos específicos para explorar o aluguel, aproveitando um mercado mais favorável, até como diversificação de investimento. A Housi também se enxerga como uma facilitadora para essas incorporadoras? 

Alexandre Frankel: Sim, e nós já somos. A Housi hoje também distribui esses diversos operadores vinculados ou não a alguma incorporadora, nós distribuímos esses incorporadores dentro da nossa plataforma aplicando o modelo de moradia por assinatura. Então esse movimento já acontece. A Housi é talvez o grande marketplace para essas plataformas regionais de locação. Eu acredito muito nesse modelo, acho que vão surgir várias pelo Brasil ligadas ou não a alguma incorporadora. E a Housi é uma solução tecnológica que permite todo esse desenvolvimento. 

É importante salientar que montar uma gestora nos níveis que a Housi tem de gestão de tecnologia, de dados, de integrações, de negócios com grandes plataformas, demanda muito investimento. Nós somos investidos pelo mesmo fundo da Califórnia que investe na Netflix, que faz grandes transformações, e para você fazer esse movimento é algo que precisa de muita escala. 

Nós entendemos que surgirão várias operadoras regionais, e isso é muito bom, a gente acredita nessa customização, nesse conhecimento local, e a Housi é um grande portal que ajuda esses operadores locais a vender, a distribuir, a trazer tecnologia, ciência de dados. É algo muito parecido com o que a Amazon faz, ou o que a Magalu faz. Você tem os lojistas que operam regionalmente, são comerciantes que têm esse conhecimento local e ela ajuda a distribuir, a fazer a logística, a atender o cliente, que é exatamente o que a Housi faz junto a todos esses operadores.

Tags:

Carlos Simon

Jornalista formado pela UFPR, atuou como repórter e editor em jornais, revistas e portais paranaenses, e foi coordenador de comunicação de empresas e órgãos públicos de diversos segmentos. Dedicado ao mercado imobiliário desde 2020, hoje é o responsável pelo conteúdo do Imobi Aluguel.

Ver artigos

Seja o primeiro a comentar!