Construtoras

Acidente em obra aumenta percalços da construtora EZTEC

A divulgação de resultados abaixo da expectativa para o terceiro trimestre se tornou um detalhe a mais na semana da incorporadora e construtora paulistana EZTEC, que vive dias de turbulência. 

Ao mesmo tempo em que encara uma redução importante no volume de negócios e aumento nos distratos, a empresa lida com a tragédia ocorrida na terça-feira, na obra das Esther Towers, na Zona Sul de São Paulo (SP), quando uma estrutura desabou e provocou a morte de um operário. 

Os papéis da EZTEC (EZTC3) desvalorizaram 3,70% nas 24 horas seguintes ao acidente. Nos período de cinco dias encerrado nesta quinta-feira, a EZTEC registrou queda de 7,47% no valor de seus papéis (EZTC3), a R$ 15,24. 

A trajetória recente no valor de mercado da empresa, de maneira geral, é marcada por retração. Nos últimos 30 dias, o ponto mais alto dos papéis foi de R$ 21,67, registrado em 18 de setembro. 

Relatórios de mercado reforçam momento desafiador para a EZTEC

A tragédia ocorrida no canteiro de obras se deu em um ano que vem sendo complicado para a EZTEC. No primeiro trimestre, o lucro líquido da incorporadora teve redução de 59,2% na comparação anual.

No terceiro trimestre de 2023, a empresa somou R$ 346 milhões em vendas brutas, uma redução de 26,5% em relação ao mesmo período de 2022. Os dados são de relatório do BTG Pactual, que destaca que, no mesmo período, as vendas líquidas tiveram queda de 48%, para uma soma de R$ 281 milhões.

“Os números operacionais da EZTEC no terceiro trimestre ficaram abaixo de nossas estimativas, pois a empresa lançou apenas um projeto, e as vendas dos estoques não se recuperaram muito”, apontaram Gustavo Cambauva e Elvis Credendio, analistas que assinam o relatório.

A obra em que ocorreu o acidente pode ter percalços no prazo pois foi paralisada para a realização de perícia, segundo publicado pela Folha nesta quinta (19).

Atrasos de cronograma criam pressão na EZTEC

Segundo a incorporadora, a obra do EZ Parque da Cidade será entregue ainda em 2023. Entretanto, em 2019, ano de lançamento do produto, a EZTEC previu a inauguração para novembro de 2022. Na ocasião, o VGV estimado pela construtora era de R$ 576,4 milhões. 

O relatório da BTG Pactual aponta que o atraso neste empreendimento teve participação importanto no aumento de distratos da construtora, que cresceram 18% no comparativo anual.

Agora surge a pressão sobre o prazo de conclusão de mais um empreendimento, por conta da paralisação na obra das Esther Towers. A estrutura que caiu seria o heliponto suspenso entre topo das Esther Towers.

Resposta da incorporadora

O Imobi Report fez contato com a assessoria de imprensa da EZTEC em 18/10/2023 solicitando informações e atualização sobre o caso. Até o dia da publicação original da matéria, em 20/10, não houve resposta. Em 24/10, a incorporadora encaminhou a seguinte nota:

A Companhia segue colaborando amplamente com as autoridades competentes e acompanhando de perto os desdobramentos para garantir, em conjunto com as empresas contratadas, toda a assistência à família da vítima, assim como com os trabalhadores terceirizados que foram resgatados com segurança.

E pontuou também esclarecimentos:

– A entrega do EZ Parque da Cidade está prevista para o final de 2023, e não 2025, como informado anteriormente pelo texto;

– O EZ Parque da Cidade é uma torre residencial do complexo e única de propriedade da incorporadora. As demais estruturas do condomínio não pertencem à empresa;

– O acidente ocorrido no Esther Towers não afeta as obras do EZ Parque da Cidade por serem empreendimentos independentes.

Mais detalhes do acidente

A Polícia Civil e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) investigam o acidente no canteiro de obras. O quarteirão da obra e vias de acesso foram interditadas durante esta semana.  

O Crea-SP afirmou ao G1 que investiga o caso e está identificando os responsáveis técnicos. Em nota, a EZTEC afirmou que equipamentos de proteção estavam disponíveis e o acidente foi uma fatalidade. A empresa ressalta que está apurando o caso e seguirá as recomendações das autoridades.

Por volta das 16h da terça-feira (dia 17), uma estrutura a 140 metros de altura do solo desabou. Oito operários que estavam no local ficaram pendurados por cordas, presos a uma estrutura metálica. 

Um dos trabalhadores não conseguiu se segurar e morreu. Outro operário foi encaminhado para o hospital com dores no corpo, enquanto os demais foram resgatados sem ferimentos. O resgate mobilizou 10 viaturas do Corpo de Bombeiros e um helicóptero da Polícia Militar.

*Atualizado em 24/10.