Mesmo com juros altos, mercado imobiliário mantém fôlego e se prepara para crescer em 2026

Mesmo em um cenário de juros altos e incertezas econômicas, o mercado imobiliário brasileiro segue demonstrando resiliência. Sustentado por uma demanda consistente, pela inovação nos produtos e por políticas de crédito mais inclusivas, o setor mantém desempenho acima das expectativas e já se prepara para uma nova fase de expansão. A combinação de ajustes regulatórios, maior confiança do consumidor e evolução dos modelos de moradia indica que 2026 pode marcar o início de um novo ciclo de crescimento.

Entre as principais mudanças está o aumento do valor máximo dos imóveis financiáveis pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que passou de R$ 1,5 milhão para R$ 2,2 milhões, segundo dados da Caixa Econômica Federal. A atualização permite que mais famílias se enquadrem no sistema, usufruindo de juros mais baixos e prazos mais longos para pagamento. Outro ponto que reforça o bom desempenho do setor é a ampliação do programa Minha Casa, Minha Vida, com a criação da faixa 4, voltada para famílias de renda média e média-alta. Essa mudança é especialmente relevante nos grandes centros urbanos, onde o preço dos imóveis é mais elevado e o novo teto de financiamento amplia o acesso à casa própria — ainda o principal sonho e o maior investimento das famílias brasileiras.

Nas grandes cidades, as incorporadoras têm lançado novos modelos de condomínios que acompanham as transformações nos arranjos familiares e nas formas de viver. Esses empreendimentos oferecem espaços compartilhados, áreas de lazer ampliadas e soluções sustentáveis que reduzem o consumo de água e energia, além de incentivar práticas de reciclagem.

Paralelamente, cresce a procura por unidades compactas — como estúdios e lofts —, impulsionada por jovens profissionais, investidores e pessoas que buscam praticidade e localização central. Essa tendência reforça o dinamismo do mercado de locações e amplia o papel dos modelos multifamily e short stay, que oferecem rentabilidade com menor risco e diversificação de portfólio. Entre janeiro e abril de 2025, os lançamentos de unidades compactas cresceram 194% em volume na cidade do Rio de Janeiro, segundo levantamento da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) com dados da GeoBrain. O movimento confirma o apetite do mercado por empreendimentos de menor metragem, especialmente em regiões centrais e bem servidas por transporte, comércio e lazer.

Mesmo com o avanço da educação financeira e da diversificação dos investimentos, o imóvel continua sendo o grande porto seguro do brasileiro. Em um país marcado por instabilidades e crises econômicas recorrentes, ter um imóvel próprio — ou investir em um — segue sendo sinônimo de segurança, estabilidade e legado familiar.

Se o setor já mostra resultados expressivos com a Selic a 15%, o que esperar quando o ciclo de queda dos juros se consolidar? Tudo indica que, a partir do próximo ano, com a redução gradual da taxa básica, o custo do crédito imobiliário será menor, ampliando o acesso ao financiamento e impulsionando a procura por imóveis. Esse movimento tende a provocar nova valorização do metro quadrado, fortalecer a construção civil e gerar efeitos positivos em cadeia na economia, com mais empregos, renda e arrecadação.

O novo ciclo do crédito habitacional inaugura uma fase de otimismo fundamentado. Com políticas públicas alinhadas, inovação nos produtos e um desejo culturalmente enraizado de ter o imóvel como símbolo de segurança, o Brasil se prepara para mais um salto imobiliário — sustentável, diverso e repleto de oportunidades para investidores, construtoras e famílias.