Especialistas abordam grandes temas de 2024

O Imobi Report convidou sete profissionais do mercado imobiliário para que apresentassem um balanço sobre o ano de 2024. Em geral, os profissionais citaram importantes avanços e bons resultados atrelados ao período, mas também falaram sobre alguns desafios. Os profissionais abordaram quatro eixos temáticos: Imobiliárias, Incorporação e Construção, Proptechs e Construtechs e Inteligência Artificial. Para falar sobre imobiliárias, estiveram reunidos quatro membros da diretoria da CUPOLA, Kariny Martins, Michel Prado, Renata Maciel e Rodrigo Werneck. Já o eixo Incorporação e Construção foi abordado pelo sócio-consultor da Brain Inteligência Estratégica, Guilherme Werner. O managing partner da Terracotta Ventures, Marcus Anselmo, falou sobre Porptechs e Construtechs e o CEO da Lais, Allan Paladino, sobre Inteligência Artificial. Veja o que esses profissionais destacaram sobre esse ano intenso, recompensador e, ao mesmo tempo, repletos de desafios. Imobiliárias Por Rodrigo Werneck, CEO e estrategista-chefe da CUPOLA; Renata Maciel, diretora da unidade de Consultoria da CUPOLA; Michel Prado, diretor da unidade de Educação da CUPOLA; Kariny Martins, diretora de atendimento da CUPOLA Entre os desafios enfrentados pelas imobiliárias em 2024, esteve a dificuldade para recrutamento e seleção de profissionais, principalmente os que tenham alinhamento cultural com as organizações. Contribuem para esse cenário o fato de muitos gestores estarem divididos entre atividades relacionadas ao funil de vendas, questões burocráticas, ao próprio fechamento de negócios e às ações para atração de talentos. De forma geral, muitas imobiliárias, especialmente as pequenas e médias, não possuem processos e estratégias bem definidos nessa área. A cultura organizacional é outro assunto que permaneceu relevante em 2024. Temos falado, inclusive, sobre a importância de um guardião da cultura, que condense esse espírito organização. O investimento em cultura facilita o trabalho do RH e diminui o turnover de profissionais. Também é importante defender um bom clima organizacional e oferecer benefícios aos colaboradores. Em 2024, outra estratégia que se mostrou muito eficiente é a atuação por nicho. A CUPOLA já tem tratado do assunto há algum tempo e, neste ano, diversas empresas que tiveram a coragem de adotar essa estratégia estão colhendo bons resultados. No case da 61 Imóveis, por exemplo, o desempenho dos corretores passou a ser 10 vezes maior com a atuação nichada. É importante que as imobiliárias entendam que nicho não se trata apenas de território. É possível estudar quais são as vocações do negócio, as oportunidades e construir os diferenciais e a especialização da empresa. Incorporação e construção Por Guilherme Werner, sócio-consultor da Brain Inteligência Estratégica O balanço geral do mercado em 2024 é de aumento, de surpresa (no bom sentido), porque houve um crescimento que, seguramente, poucos previram em janeiro deste ano. Tanto em crédito imobiliário, muito impulsionado pelo FGTS, quanto também em volume de vendas de lançamentos, de produtos orientados a investimento, como estúdios, que, mesmo em cenário de juros altos e Selic elevada, tiveram excelente liquidez em boa parte das grandes praças brasileiras, como São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e várias capitais do Nordeste. No segmento de vendas, o balanço é de resiliência, pois os resultados foram positivos basicamente em todas as grandes praças do Brasil, por diversos motivos: intenção de compra mais alta, produtos bem posicionados, alta liquidez e aumento real de preços. Assim, o mercado imobiliário conseguiu se valorizar acima da inflação ao longo do ano, e outros indicadores também demonstram esse movimento. O mercado de locação, em 2024, também teve aumentos expressivos. Os índices que medem o aumento da locação nas capitais brasileiras apontam para esse cenário. Proptechs e construtechs Por Marcus Anselmo, managing partner da Terracotta Ventures Real Estate Fintechs: O mercado de crédito imobiliário no Brasil representa apenas 10% do PIB, muito abaixo dos 70% nos Estados Unidos, evidenciando a dependência de fontes subsidiadas, como poupança e FGTS, que vêm enfrentando esgotamento. Esse cenário tem aumentado a demanda por soluções de capital profissional, criando espaço para inovações tecnológicas que viabilizam o acesso a recursos de forma mais eficiente. A digitalização liderada pelo Banco Central e o crescimento de fintechs têm desempenhado um papel crucial ao reduzir custos operacionais e melhorar a governança. Startups como CUB e MAKASI estão à frente dessa transformação: a CUB atua na transformação da carteira de recebíveis em um ativo estruturado, permitindo operações alavancadas, enquanto a MAKASI viabiliza Project Finance, ainda raro no Brasil, através de uma estrutura robusta de governança e acompanhamento de empreendimentos. Além dessas iniciativas, inovações estão surgindo ao longo de toda a cadeia, como crédito baseado em imóveis estressados e crédito para condomínios, ampliando as possibilidades de financiamento no setor. Essas tecnologias estão viabilizando o capital e criando novas oportunidades de investimento, impulsionando uma revolução no mercado imobiliário brasileiro. Construção Offsite: Entre janeiro de 2023 e abril de 2024, a inflação da mão de obra na construção no Brasil foi o dobro da inflação dos materiais, enquanto 64,5% das empresas já adotaram algum processo de construção industrializada. Startups como SteelCorp, NOA, Brasil ao Cubo e TechVerde têm liderado modelos estruturantes, como SteelFrame e WoodFrame. Os avanços vão desde projetos complexos, como portos e hospitais, até nichos no mercado residencial, como construção de casas e pequenas torres. Contudo, apesar do progresso, a adoção em larga escala no mercado residencial enfrenta desafios relacionados a produto, modelo de negócio e logística. Esse cenário, aliado à pressão sobre a força de trabalho, cria o risco de apagão no setor, demandando maior velocidade no avanço dos modelos de construção industrializada para atender às crescentes demandas do mercado. RaaS (residence as a service): o mercado imobiliário brasileiro está passando por transformações profundas, influenciado não apenas pela amplamente discutida mudança nos hábitos geracionais, mas também por forças globais, como o aumento dos custos construtivos e a redução do poder de compra das novas gerações. Esses fatores estão limitando a capacidade de adquirir imóveis, direcionando essa nova geração cada vez mais para opções de aluguel. Apostando nessa tendência, o setor tem atraído desde grandes players, como Brookfield, CPPIB e Evergreen, até startups já consolidadas, como Charlie, Housing e Housi, que têm demonstrado impacto significativo. Além disso, novas startups, como Liiv, Parkside e Seazone, estão começando a ganhar relevância e importância no mercado. Paralelamente, fundos imobiliários globais têm investido diretamente em projetos multifamiliares, impulsionando o desenvolvimento de soluções para atender a um mercado em rápida expansão. Essas dinâmicas destacam um momento de transição e inovação no mercado imobiliário brasileiro e global. Inteligência Artificial Por Allan Paladino, CEO da Lais - Inteligência Artificial para o Mercado Imobiliário Em 2024, vivemos um ano transformador para o mercado imobiliário, especialmente em áreas como atendimento ao cliente e automação de processos, com a inteligência artificial (IA) assumindo um papel central na operação de imobiliárias pelo Brasil. O uso da IA em atendimentos teve seu primeiro ano completo e, com base nos números da Lais, estimamos que mais de 1 milhão de pessoas interagiram com uma IA ao buscar informações sobre imóveis. Além disso, a IA está sendo usada para criar descrições detalhadas e envolventes de imóveis, automatizar criação de posts em mídias sociais e otimizar a experiência dos consumidores de forma geral. Imobiliárias e corretores passaram a compreender melhor o potencial dessa tecnologia, aprendendo o que funciona e ajustando processos para obter resultados mais eficazes. As ferramentas de IA se destacaram especialmente no atendimento de leads, trazendo mais agilidade e eficiência para o setor.

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