Seguradoras devem enfrentar o maior sinistro do país com enchentes no RS
DestaquesImobi Report

[268] Seguradoras devem enfrentar o maior sinistro do país com enchentes no RS

O episódio desta semana do podcast Modo Avião apresenta uma entrevista exclusiva com o estrategista global Mike DelPrete, destaque do CUPOLA Summit 2024. Ele falou sobre tecnologias promissoras no setor imobiliário e conectou os seus insights à realidade brasileira. Veja o episódio completo, legendado para o português, no Spotify ou no YouTube.

Os sinistros provenientes de seguros residenciais e habitacionais relacionados à tragédia no RS possuem valor potencial de R$ 239,2 milhões, destacou a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). Nessa categoria, até a última quinta-feira, foram informadas 11.396 ocorrências. Já o segmento “grandes riscos”, referente, por exemplo, a seguros patrimoniais para empresas (que garantem a integridade de imóveis e seus conteúdos), tiveram notificações que somam R$ 507 milhões. A matéria de capa da Folha de S.Paulo de sábado destaca que esses números ainda devem aumentar consideravelmente e esse evento deve se configurar como o maior sinistro já enfrentado pelas seguradoras no país.

A Federação Nacional das Seguradoras (FenSeg) estima que a tragédia deve superar as indenizações de outro evento de grande magnitude que aconteceu no RS. Na seca de 2022, as seguradoras desembolsaram R$ 8,9 bilhões. A Superintendência de Seguros Privados (Susep) afirma que, apesar de grave, a situação atual está sob controle. A instituição informa que está monitorando o atendimento prestado aos segurados, além de aspectos financeiros.

O CEO da Sigafy, Flávio de Baère, afirmou que percebe, por parte das grandes seguradoras, uma disposição em acelerar os processos e contribuir para que as pessoas atingidas se reorganizem. “Algumas seguradoras já atuaram em eventos climáticos em outras partes do mundo. Elas estão muito cientes da importância de uma indenização nesse momento. Elas possuem resseguro e estão preparadas”, disse. Algumas empresas, inclusive, suspenderam o pagamento de apólices no estado. 

Os seguros para inundações (transbordamento de rios) ou alagamentos (enchentes ocasionadas por chuvas ou outras causas) ainda não são comuns no Brasil. No caso do seguro habitacional, contratado junto aos financiamentos imobiliários, a indenização é garantida para danos físicos ao imóvel (o que normalmente inclui inundação e alagamento). A FenSeg ressalta que, no Brasil, há 12,7 milhões de residências com seguro contratado, o que representa 17% do total. Os que possuem cobertura para alagamentos são menos de 1%.  O sócio da Penteado Mendonça e Char Advocacia, Antônio Mendonça, ressalta que a participação dos seguros na reconstrução do RS será baixa, justamente porque a parcela segurada no país é pequena.

Na área de seguro fiança, na qual a Sigafy atua, os reflexos são menores. A empresa atende imobiliárias das regiões de Pelotas e Passo Fundo, que administram cerca de 12 mil locações. Até o momento, a empresa não registrou sinistros relacionados a esse tipo de seguro, até porque, conforme as regras da organização, o seguro pode ser acionado 40 dias após a primeira inadimplência. De qualquer forma, Baère acredita que os efeitos devem vir em fase subsequente, com o agravamento de questões econômicas. Movimento semelhante foi percebido na pandemia de COVID-19, já que maior impacto não foi sentido no auge da emergência de saúde.  

Baère prevê, para o mercado de seguros, dois movimentos naturais no médio e longo prazo. No Rio Grande do Sul, deve haver uma adequação nos valores dos seguros em função da avaliação dos riscos, a exemplo do que comumente ocorre após eventos extremos. Um segundo efeito é que, em todo o país, a população deve passar a notar a importância dos seguros. “O brasileiro não tem a cultura de contratar seguro imobiliário. As pessoas devem perceber que situações como essa vêm acontecendo com certa frequência e conscientizar-se. Elas devem passar a proteger seus bens e suas próprias vidas”, conclui.

Vendas e Locação

Construção de 538 casas no RS. Oito cidades serão contempladas nesse pograma do governo estadual. As residências terão 44 m² e serão construídas em painéis de concreto pré-fabricado. Cada unidade custará R$ 192 mil e o prazo de conclusão é 120 dias. Para conduzir a reconstrução do estado, foi criada uma secretaria especialmente dedicada ao assunto. Em relação aos detritos que ainda se acumulam nas cidades, uma análise preliminar revelou que as enchentes podem ter espalhado mais de 46,7 milhões de toneladas de entulho. O estudo envolve basicamente resíduos de construção civil, sendo 19 milhões de toneladas de imóveis destruídos. 

Novas medidas. Em Porto Alegre, a prefeitura suspendeu a cobrança de IPTU e ISS. O município ainda propõe aumentar o valor mensal do benefício Estadia Solidária para R$ 1 mil e ampliar a faixa de renda dos elegíveis ao subsídio para compra de imóveis. A Caixa também anunciou a destinação de R$ 30 milhões para auxiliar na recuperação de casas e pequenos empreendimentos afetados. Já o governo federal busca flexibilizar a lei para adquirir todos os imóveis em processo de leilão no estado, como parte do programa de assistência aos desabrigados. A Lei de Alienação Fiduciária, entretanto, impede a compra direta desses imóveis pelo governo.

Cidades-esponja em alta ao debate. O arquiteto e criador do conceito de cidades-esponja, Kongjian Yu, destacou que a efetividade do modelo depende de três estratégias: contenção da água; redução de velocidade quando a água é canalizada para rios, vegetações e várzeas; e escoamento e absorção. A diretora da Rede de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Urbanas (UCCRN, na sigla em inglês), Andrea Santos, acredita que a adaptação das cidades ao aquecimento global vai além das obras. Ela defende que deve haver um retrofit urbano, com revitalização e uso de cobertura vegetal para auxiliar no resfriamento urbano. No mundo, não faltam exemplos de países e cidades que se reergueram após desastres

Financiamento em alerta. O presidente da Caixa, Carlos Vieira, afirmou que os recursos do banco para o crédito imobiliário estão no limite e prevê escassez em 2025. O banco detém quase 70% do mercado brasileiro. Projeções do governo estimam que o uso do saque aniversário para garantia em empréstimos tirou mais de R$ 100 bilhões do FGTS. Já na poupança, o saldo em 2023 era de R$ 975,8 bilhões, mas houve uma saída de 87,8 bilhões para outras formas de investimento. Esses movimentos reduziram a capacidade do SBPE.

Futuro incerto faz geração Z comprar imóveis. Com receio do desemprego e da crise econômica, jovens entre 20 e 30 anos iniciam um movimento em busca pela casa própria. Os produtos mais procurados são estúdios ou apartamentos com poucos quartos. Os condomínios precisam ter opções de comodidade e lazer. A localização é o maior atrativo para esse segmento e a facilidade do transporte público é fundamental.

Motivação para aquisições. O presidente da incorporadora Moura Dubeux, Diego Villar, destacou que, na esfera da alta renda, a confiança no país é o fator determinante para impulsionar a compra de imóveis, superando a influência das taxas de juros. Villar ressaltou que a estabilidade econômica, a perspectiva de crescimento financeiro pessoal e nacional são elementos essenciais para estimular a decisão de compra.

Pré-atendimento eficiente. O CEO e estrategista-chefe da CUPOLA, Rodrigo Werneck, juntamente com o mentor da imersão Gestão de Vendas Imobiliárias Cristiano Fonseca, profissional que já foi head de vendas e operações da Casa Mineira e posteriormente do QuintoAndar, vão apresentar a live “Como estruturar uma área de pré-atendimento eficiente em vendas”. O evento online acontece no dia 05/06 (quarta-feira), às 19h, com transmissão pelo YouTube. A imersão Gestão de Vendas Imobiliárias é uma oportunidade única para aperfeiçoar estratégias de comercialização de imóveis prontos. Garanta a sua vaga!

Aperfeiçoamento em aluguéis e liderança. A CUPOLA também promove outros três treinamentos e capacitações. O Aluguel Essencial é voltado para times administrativos de imobiliárias de locação. As aulas 100% online terão mentoria da advogada, sócia e consultora da CUPOLA, Denise Vieira. O Aluguel Master é direcionado aos gestores de imobiliárias de locação que querem organizar e rentabilizar suas operações. O evento terá atividades online e presenciais, com mentoria realizada pelo time de consultores da CUPOLA. Já o Liderança Imobiliária é uma imersão 360º para formação de líderes do imobiliário. É destinado a sócios, fundadores e CEOs, herdeiros e sucessores ou alta liderança das empresas do imobiliário. Não fique de fora! 

Aprendizados do CUPOLA Summit 2024. Se você não conseguiu participar da 3ª edição do CUPOLA Summit, ou ainda quer revisar os conteúdos abordados no evento, não perca essa live. A transmissão online e gratuita acontece nesta quarta-feira (29/05), às 10h30. Na live, será realizado o sorteio do ingresso do Summit 2025 aos que participaram da ação no estande da CUPOLA. Cadastre-se e seja notificado quando estivermos ao vivo. E você também já pode conferir as fotos do CUPOLA Summit 2024 no portal do Imobi. Veja os principais registros aqui!

Padrão Disney. O podcast Vem pra Mesa recebe, nesta semana, o especialista na metodologia Disney Gabriel Villarreal. No episódio, o convidado explica como a Disney encanta seus clientes e como essas práticas podem ser aplicadas no dia a dia, inclusive no mercado imobiliário. 

Construção e Incorporação

Edifícios “multifamily”. A gigante norte-americana do setor imobiliário Greystar planeja construir 40 edifícios “multifamily” no Brasil, iniciando sua incursão por São Paulo. Esses prédios residenciais voltados exclusivamente para o aluguel representam uma nova abordagem no mercado nacional, atendendo a uma demanda crescente por flexibilidade e experiências diferenciadas. A empresa, que pretende finalizar 10.000 apartamentos nos próximos cinco anos, aposta na expansão do conceito multifamily para diversos estratos de renda.

Construtora terá que indenizar condomínio por vícios em obra. O Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu indenização de R$ 800 mil para o condomínio Perfil Marumbi. O laudo da perícia apontou 47 vícios, incluindo rachaduras, infiltração, fiação exposta, queda de revestimento de gesso e piso solto. O prédio foi entregue em 2016, mas os problemas foram descobertos apenas três anos depois. A decisão, segundo especialistas, é um importante precedente para discussões similares, envolvendo vícios ocultos de construção.

Seguindo tendências de consumo. A Living, da Cyrela, anunciou uma mudança em seu perfil de imóveis, reintroduzindo sua linha de apartamentos compactos. O grupo também decidiu ampliar a área máxima dos imóveis em nova linha, voltada para famílias. Os novos empreendimentos da Living, com valores entre R$ 750 mil e R$2 milhões, serão lançados em bairros de classe média em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Mundo

Imóveis nos EUA atraem investidores brasileiros. Segundo dados da National Association of Realtors, os brasileiros ocuparam a quinta posição entre os estrangeiros que mais adquiriram imóveis nos EUA em 2023, tanto em número, quanto em volume financeiro, com uma fatia de 3%. A Flórida é a preferência (55%), seguida por Nova Jersey e Wisconsin. Outro levantamento, da Florida Realtors, mostra que os brasileiros desembolsaram US$ 1,451 bilhão para aquisição de imóveis no estado em 2023 e ocupam a terceira posição no ranking de compradores estrangeiros.

Preços exorbitantes em NY. O aumento nos preços dos quartos de hotel em Nova Iorque preocupa turistas. em meio à crise migratória e à recuperação do turismo. Acordos lucrativos com autoridades municipais reduziram drasticamente a oferta, elevando a diária média para US$ 301 em 2023, um aumento de 8,5%. Com demanda em alta e oferta escassa, espera-se que os preços continuem subindo.

Na Árabia Saudita. Na região conhecida como Neom, com 27,7 mil km², a monarquia do país já investiu cerca de US$ 230 bilhões na concepção de obras futuristas. O maior projeto de construção do mundo, localizado na região, chama-se The Line. Ele é cercado por polêmicas, contratempos logísticos e obras inacabadas. Se for concluído, será composto por um par de arranha-céus, mais altos que o Empire State, com 170 km de extensão e capaz de alojar 9 milhões de pessoas. A previsão era construir 16 km até 2030. Entretanto, com gastos do governo superiores à arrecadação, a meta foi reduzida para 2,4 km. 

Estamos de olho

QuintoAndar condenado por danos morais. Um funcionário nascido no Rio de Janeiro e que atuava em Minas Gerais processou a empresa sob alegação de ter sofrido xenofobia. O trabalhador foi dispensado em julho de 2022, sem justa causa, duas semanas após registrar uma reclamação sobre ataques preconceituosos dos quais foi alvo. O QuintoAndar alegou que o reclamante nunca foi desrespeitado. O Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região condenou a empresa ao pagamento de indenização de R$ 50 mil.

Privatização de terrenos públicos no litoral. O Senado Federal debate uma proposta para viabilizar a transferência de terrenos da Marinha. A PEC 3/2022 propõe extinguir a classificação desses terrenos como propriedade da União, permitindo que ocupantes mantenham a posse mediante pagamento. A medida é vista como uma oportunidade para regularização fundiária pelos municípios, enquanto ambientalistas alertam para possíveis riscos ambientais.

Ajuste legal para facilitar compra de imóveis. O sócio do i2a Advogados, Alexis Borowik Rosa, defende, em artigo, que a recente Lei Federal nº 14.825/2024 busca corrigir falhas, tornando eficaz a ausência de averbação de constrições judiciais na matrícula, o que deve aumentar a segurança jurídica para compradores de boa-fé. Essa mudança deve simplificar transações imobiliárias e promover um ambiente mais transparente e eficiente, em consonância com decisões do STJ e com o Marco Legal das Garantias.