pós-covid
Opinião

Precisamos falar mais sobre o pós-Covid no mercado imobiliário

Ao ler a edição 105 do Imobi Report e encontrar uma nota que menciona a perda de colegas que sofreram com a Covid-19 – e notar que muitos CRECIs pelo Brasil têm adotado, como forma de homenagem aos profissionais, a publicação de posts mencionando a passagem dos colegas de profissão -, senti a necessidade de falar mais sobre essa doença. E o faço a partir da minha experiência pessoal pós-Covid.

Há exatamente um ano, em março de 2020, eu era diretamente impactado pela pandemia da Covid-19 e suas consequências: isolamento, quarentena, novos hábitos sanitários, cancelamento de eventos e pela busca de soluções tecnológicas para seguir trabalhando. 

Como profissional do mercado imobiliário, confesso que, neste período, minha preocupação era mais voltada a soluções para continuar trabalhando do que com a doença propriamente dita.  

Com a doença, eu pouco saía de casa. Nas vezes que precisava sair, máscara e álcool em gel nas recepções passavam a falsa sensação de “estou cumprindo os protocolos”! Esse sentimento fazia a doença passar longe, os amigos e parentes que eram acometidos tinham sintomas de leve a moderados e a vida seguia. 

Passado um ano desde o primeiro cenário, fui eu acometido pela Covid e, diferentemente dos colegas que tiveram sintomas leves, sofri com o quadro acelerado e grave da doença. Menos de 48 horas depois do diagnóstico positivo eu já estava internado com 50% do pulmão comprometido e o quadro se complicou ao longo de 40 dias entre internação e os períodos de UTI.

Felizmente e com o apoio de minha família, o suporte da CUPOLA e a graça de Deus, saí da internação com muita saúde, praticamente nenhuma sequela, mas com uma nova etapa a ser cumprida e sobre a qual pouco eu ouço a respeito: o pós-Covid.

Peço a licença para falar do tema aqui no Imobi Report, mas escrevo porque acredito que possa ser útil para você e pode ajudar a criar uma rotina adequada em sua empresa imobiliária. 

1. A Covid é mais séria e triste do que o senso comum acredita

Como falei, passei um ano enxergando a doença de longe. O isolamento e o home office me colocaram distante da Covid e minha concentração ficou mais em criar alternativas para seguir trabalhando. 

O mercado imobiliário foi pouco impactado pela pandemia, ao contrário, foi talvez o segmento econômico que melhor seguiu em frente e muitos colegas de profissão tiveram números que refletem um crescimento em 2020. 

Minha pergunta para este caso é: será que sua empresa está realmente levando em conta os cuidados que precisam ser tomados? Será que o volume de negócios não tirou seu foco dos protocolos que ajudam a controlar a propagação do vírus? 

Respondendo por mim, digo: eu negligenciei esses protocolos e penso que poderia ser mais cuidadoso. Quase paguei com a vida e nem consigo imaginar como seria minha família sem mim. Desculpe o alarme, mas pense nisso quando for abrir sua imobiliária. Quanto sua equipe pode estar exposta? Será que você não pode fazer pouco mais a respeito? 

2. Existe o risco de infecção

Além de mim, minha esposa e filho também foram infectados com a Covid. Diferentemente e felizmente, desenvolveram quadros moderados de infecção. Com isso, poderíamos relaxar nos cuidados, pois, em tese, desenvolvemos anticorpos. 

Mas a minha experiência foi tão ruim que dobramos os cuidados, temos um local para troca de roupas e sapatos antes de entrar em casa, alimentos são higienizados, e mesmo nas visitas aos médicos que me trataram, sigo usando máscara. 

Entendo que mesmo após um ano de tratamento, a Covid é diferente para cada pessoa e tudo varia muito, inclusive o risco de infecção. Enquanto não estivermos vacinados, é fundamental seguir cuidando desses procedimentos e seguir com o isolamento social. 

Como você encara esse dilema em sua imobiliária? Você, que tem corretores com idade avançada, já prestou apoio para que eles possam ser vacinados? Se a sua cidade está em bandeira vermelha, sua imobiliária está atuando com as portas fechadas? Será que isso não é um grave risco? Pense nisso e responda a si mesmo com responsabilidade. 

Não queira ter a sua fonte de renda e de trabalho para famílias como um ponto de infecção. Talvez seja esta uma oportunidade de mudar os protocolos de segurança criados um ano atrás.

3. A recuperação pós-Covid requer tantos cuidado e atenção quanto as etapas de infecção

A mídia nacional, sobretudo a TV, tem muito foco nas etapas de infecção da Covid. O tom alarmante sobre a infecção é importante e vale a pena ser mostrado, mas falando novamente em primeira pessoa, senti muita falta de conteúdo para a fase de recuperação pós-Covid. 

Desde que voltei para casa, novas rotinas foram necessárias e uso a minha rotina para listar algumas delas: sessões de fisioterapia e fonoaudiologia, além de visitas ao psicólogo e neurologista, sempre acompanhado de uma série de exercícios prescritos pelos profissionais que me tratam.

É fundamental encontrar uma rotina saudável e cumpri-la com disciplina para voltar a ter uma vida normal no pós-Covid. Leitura, música, filmes e a proximidade com a família têm sido importantíssimos para mim. 

A retomada gradual das atividades de trabalho também são importantes e ajudam no processo de atualização da mente, para que o futuro seja tão produtivo quanto foi o passado. 

Ao pensar no mercado imobiliário, acredito que precisamos ter um olhar mais humano sobre o período de readaptação das pessoas que voltam da Covid. 

Já disse que sou um privilegiado pelos amigos que tenho, pela família maravilhosa que faço parte e pela empresa a que pertenço. Mas é preciso balancear as atenções e encontrar um equilíbrio entre as áreas de nossas vidas que nos fazem vivos: a família, o trabalho, o lazer e o lado espiritual. 

É assim que tenho vivido, é assim que tenho tido uma recuperação saudável e é assim, acreditando no equilíbrio, que desejo seguir no futuro. 

Muito obrigado a todos pela oportunidade de falar a respeito de um tema tão sensível. 

Meu e-mail é denis.levati@cupola.com.br e adoraria receber feedbacks e trocar mensagens sobre o assunto com os leitores do Imobi. 

Vacina sim! Saúde sempre em primeiro lugar!