saúde e bem-estar
Imobi Explica

Maior demanda por saúde e bem-estar aquece mercado de certificação de empreendimentos

Que atire a primeira máscara quem não anda com álcool em gel na bolsa, no bolso ou no carro, atualmente. Se o brasileiro já costumava ser atento com questões de higiene, a pandemia do novo coronavírus intensificou ainda mais essa preocupação sanitária e com questões relacionadas à saúde e bem-estar.

Dados de abril do Google apontam que a procura por produtos de higiene pessoal cresceu 53% no início da pandemia. Enquanto o crescimento na busca por produtos de limpeza foi de 45%. Já dados de outubro demonstram que o autocuidado esteve em pauta durante todo o ano: as buscas relacionadas a yoga e meditação online alcançaram o maior pico em 5 anos, com aumento de 400%.

“O mercado de wellness é que o que mais cresce nos últimos anos, pois já há algum tempo passamos a entender que saúde é a coisa mais importante que nós podemos ter na vida. Com a pandemia, este mercado teve um crescimento exponencial. Hoje, saúde e bem-estar é um bem desejável”, afirma Andressa Gulin, sócia da AG7 Realty e uma das primeiras médicas da América Latina certificadas como embaixadora Fitwel, selo internacional de saúde e bem-estar na moradia.

Para o mercado imobiliário, esta demanda por sanitariedade e saúde não é diferente. “A sociedade está buscando saúde e bem-estar. Então, por que a gente não aplica no mercado imobiliário? Quem não gostaria de morar em um ambiente saudável, estudar ou trabalhar em um ambiente saudável?”, questiona Marcos Casado, engenheiro civil, especialista em construções sustentáveis e saudáveis e CEO do Healthy Building Certificate no Brasil. “A melhor forma de se proteger da Covid-19 é estar bem e com a imunidade alta. Para estar com a imunidade alta, é importante estarmos em ambiente saudáveis. Então, o objetivo principal de certificações de construção saudável é promover ambientes que promovam saúde e bem-estar para as pessoas”, continua Marcos.

Na Healthy Building Certificate no Brasil, foi possível notar como se intensificou a busca de incorporadores e atores do mercado imobiliário por certificações. “Até novembro deste ano já tivemos um aumento de 70% no número de empreendimentos certificados em relação ao ano passado. Também oferecemos o curso para certificadores e, neste ano, formamos mais que o dobro de profissionais em um único ano do que em 5 anos de curso”, conta o engenheiro.

Por que certificar um empreendimento?

A AG7 Realty, incorporadora de alto padrão de Curitiba, já procurava certificar seus empreendimentos antes mesmo da pandemia. “Quando projetamos nossos empreendimentos, pensamos em espaços que gerem bem-estar biopsicossocial. Ou seja, levamos em consideração sete pilares: bem-estar do corpo, da mente, do espírito, do intelecto, da parte social e financeira e do meio-ambiente”, conta Andressa.

E as certificações vêm para chancelar este esforço: “Encaramos as certificações de saúde não como uma ferramenta de marketing, mas sim um princípio de desenvolvimento de produto que garante benefícios para os clientes. E nosso cliente não busca a certificação por si só, ele busca um lugar que possa morar com qualidade de vida. A chancela vem para garantir isso. Quando um cliente mora em um imóvel certificado, ele sabe que vai poder viver com qualidade, em um ambiente de saudável”, analisa a médica.

Para a Trisul, incorporadora de médio e alto padrão de São Paulo, as certificações podem ser o fator final de decisão de compra. “Os nossos clientes usam as certificações como critérios de desempate, pois empreendimentos certificados têm maior vida útil, são mais sustentáveis, têm maior reaproveitamento de água e oferecem um custo menor de condomínio a médio e longo prazo, valorizando muito o investimento no imóvel, além de ser uma tendência comportamental que esse critério ganhe cada vez mais peso na decisão de compra”, compartilha Lucas Araújo, superintendente de marketing.

Além de certificações de saúde e bem-estar, certificações de manutenção e sustentabilidade

No HBC, são oferecidas diversas certificações: a empresa certifica ambientes, profissionais, produtos, a manutenção dos ambientes e, com a pandemia, a higienização de acordo com os parâmetros definidos para o combate ao novo coronavírus.

Além das certificações que miram a saúde dos moradores, há certificações de sustentabilidade que avaliam, também, os impactos ambientais da construção no seu ambiente. Para Henrique Blecher, CEO da Bait Incorporadora, a demanda por imóveis sustentáveis já é sentida nos estandes de venda. “O valor da sustentabilidade é muito importante para a Bait e o público já pergunta no estande de vendas: quer saber se a madeira que será utilizada na obra é certificada, sobre reuso de água, economia de energia para condomínios. Notamos um aumento desse tipo de pergunta na abordagem na venda. Nos edifícios comerciais, as certificações influenciam um pouco mais na decisão final de compra do que no residencial, mas esse crescimento é notável”.

Tanto é assim que a incorporadora está justamente procurando certificações para seu próximo empreendimento. “Para 2021, estamos planejando empreendimentos maiores em que teremos mais liberdade de terreno para buscar a maximização de resultados e trabalhar com titulações, certificações e qualificações. Antecipo que um desses é o empreendimento que lançaremos em 2021, no Leblon. Será um residencial onde funcionava a antiga Churrascaria Plataforma. O projeto marca a chegada ao Rio de Janeiro do badalado escritório paulista com raízes francesas Triptyque Arquitetura. Neste projeto, teremos o máximo de intervenção de sustentabilidade e buscaremos uma certificação, porque faz todo o sentido para a Bait”, conta.