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Incorpora debate reforma tributária, descarta bolha no setor imobiliário e cobra combate à inflação

Qual o futuro da atual reforma tributária que segue parada no Senado e as chances do setor imobiliário enfrentar uma bolha especulativa? Estas foram as duas das principais questões debatidas no terceiro webinar do 4º Fórum Brasileiro de Incorporadoras (Incorpora). O evento foi realizado na tarde de hoje (13/10) pela ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) e tem como objetivo fomentar o debate propositivo e proativo para melhoria do ambiente de negócios no setor.

Participaram do terceiro dia do Incorpora o presidente da ABRAINC, Luiz França; o senador Ângelo Coronel (PSD-BA), atual relator da reforma tributária; Romero Albuquerque, diretor de Crédito Imobiliário do Banco Bradesco; Cristiane Portella, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip); Basilio Jafet, presidente do Secovi-SP; José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC); Ronaldo Cury, presidente do Conselho de Administração da Cury; Diego Paixão, CEO da Moura Dubeux e o jornalista William Waack.

Já no início, o senador Ângelo Coronel deu o tom do debate ao afirmar que, no momento, a chance é praticamente nula de a atual Reforma Tributária passar pelo Senado Federal da forma como está, uma vez que o tema ainda está sendo discutido com diversos setores da economia, Governo e com os parlamentares de forma que haja consenso no Congresso. Ele reforçou, ainda, que o PL tem que apoiar quem produz.

O presidente da ABRAINC pleiteou ao senador a isenção de tributação para empresas com faturamento de até R﹩ 4,8 milhão por mês e dos dividendos de lucros acumulados até 2021, e alertou que, sem essas medidas, o mercado pode ter dificuldade na geração de empregos e na atração de novos investimentos. As ideias foram prontamente atendidas pelo senador, que afirmou que a proposta será melhor debatida. “Vou lutar para que as mudanças sejam de melhorias para o segmento e não para piorar a situação”, pontuou o parlamentar.

O peso da indústria da construção civil no PIB brasileiro foi destacado pelo presidente da ABRAINC que lembrou que o setor é responsável por 7% de todas as riquezas produzidas no Brasil. Ele argumentou, ainda, que a reforma é necessária, porém incorporadoras e construtoras não podem ser impactadas em novas taxações. “Somos um dos poucos segmentos que empregou na pandemia e continua empregando. Se a gente não incentiva o setor de incorporação, estamos pedindo, simplesmente, desempreguem, não ajudem o Brasil a crescer”, alertou.

Romero Albuquerque, diretor de Crédito Imobiliário do Bradesco, fez um breve relato da resiliência do mercado imobiliário durante a pandemia. “Só de financiamento imobiliário o mercado cresceu na faixa dos dois dígitos. Logicamente, temos alguns desafios pela frente”, ponderou.

MUDANÇA DE HÁBITO

A pandemia e a nova realidade trabalhista do Brasil forçam cada vez mais mudanças no modo como o brasileiro quer um imóvel, destacou Basilio Jafet, presidente do Secovi-SP. Para ele, consumidores querem casas e apartamentos cada vez mais preparados para o home office e qualidade de vida e, talvez, isso explique o salto do mercado na capital paulista. “Temos a previsão de lançamento de 70 a 72 mil unidades em 2021”, anunciou, mas não sem alertar para o aumento no preço de insumos da construção civil.

O assunto inflação não poderia ficar de fora do encontro. Impactando diretamente todas as ações e negociações do setor imobiliário, o tema foi muito debatido pelos participantes do webinar. Cristiane Portela, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), alertou que a permanência do aquecimento do mercado e o controle da inadimplência dependem do combate à inflação. “Acredito que só continuaremos atraindo pessoas aos estandes se esse fato for bem controlado. Um ponto bem importante para a gente acompanhar tem a ver com a inflação, que é um dos maiores vilões e consome a renda da população”, analisou.

José Carlos Martins, presidente da CBIC, defendeu que o mercado imobiliário seja “pensado” como o mercado de veículos, potencializando o estoque de imóveis à venda e mecanismos que permitam à população de baixa renda o acesso a uma casa ou apartamento. Para ele, o mercado precisa de novos programas que gerem o impacto que o programa “Minha Casa, Minha Vida” (atualmente, Casa Verde e Amarela) deu ao ser lançado, em 2008. “Eu vejo um mercado muito maduro, foi algo que a gente sempre sonhou, muito profissionalizado e sem lugar para amadores. Mas, ele precisa, novamente dar novos passos”, enfatizou.

A necessidade da desburocratização também foi assunto. “É preciso aprovações de empreendimentos por órgãos públicos cada vez mais ágeis”, destacou Ronaldo Cury, presidente do Conselho de Administração da Cury, que lembrou que o processo de álvaras começou a mudar na gestão de Fernando Haddad, e depois continuou nas administrações João Dória, Bruno Covas e, atualmente, de Ricardo Nunes. Ele ainda lembrou que o ano eleitoral não deve influenciar diretamente o setor.

Ao final do debate, Diego Paixão, CEO Moura Dubeux, descartou qualquer possibilidade de bolha no setor e lembrou que o mercado absorveu muito de crises anteriores e que tal aprendizado afasta a possibilidade de que a valorização nos preços dos imóveis seja impulsionada por uma grande especulação. “Se olhar para qualquer indicador do passado, você vai ver que o mercado passou muito tempo perdendo emprego e valorização. Ainda estamos longe do patamar de 2012 e longe de qualquer bolha sob esse aspecto”, afirmou.

As inscrições para participação no último dia do fórum são gratuitas e podem ser feitas clicando no link ao lado https://bit.ly/3EZ7ZWC .

INCORPORA 2021

20/10 – 16h às 18h – Os desafios para o setor em 2022
– Luiz França, Presidente da ABRAINC
– Eduardo Zylbertajn, economista e head de pesquisa e inovação da Fipe
– Bruno Bianchi, Diretor comercial do segmento imobiliário no Itaú BBA
– Ubirajara Freitas, CEO da Tegra
– Victor Bassan, Co-Diretor Presidente da Pacaembu