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Conecta Imobi On: destaques do terceiro dia do evento

Em seu terceiro dia, nesta quarta-feira (2), o Conecta Imobi On trouxe, mais uma vez, grande variedade de palestras e painéis sobre diferentes aspectos referentes ao mercado imobiliário. Entre os destaques, estiveram as participações de Ann Handley (EUA) e Gustavo Franco (idealizador do Plano Real), que encerrou o dia. No entanto, como nem tudo são flores, uma das palestras mais aguardadas do dia, com o CEO e cofundador do QuintoAndar, Gabriel Braga, devido a problemas de conexão. 

Para começar o dia, a organização do evento trouxe a americana Ann Handley, conhecida por ser uma das principais gurus do marketing na atualidade. A palestra dela trouxe uma proposta que poderia parecer um tanto quanto inusitada para quem trabalha no mercado imobiliário, que é “desacelerar para vender mais rápido”. Pensando em estratégias para atingir esse objetivo, Ann trouxe uma lista com três momentos em que deveríamos diminuir o ritmo: questionando o que pensamos e sabemos sobre os clientes; desacelerando a experiência; e indo mais devagar na construção do relacionamento. Para exemplificar o que estava apresentando, a americana trouxe cases de empresas de outros segmentos, mas também trouxe experiências de profissionais do mercado imobiliário, inclusive brasileiro, citando, o corretor de imóveis Isaías José da Silva, que já teve sua história contada pelo Imobi Report.

Digitalização na locação

A mesa “Mercado de locação no pós-pandemia: desafios e oportunidades para o mercado de locação residencial e comercial” trouxe o CEO da CUPOLA, Rodrigo Werneck como mediador. Participaram Lilian Veltman, da Alpop, Eduardo Barbosa da Brognoli Negócios Imobiliários, Rodrigo Resende, da MRV/Luggo e César Gimenez, da Auxiliadora Predial. Muito se falou sobre como a tecnologia está sendo essencial para que o mercado de locação atravesse a crise sanitária. A Brognoli como case de transformação digital, Barbosa trouxe dados interessantes sobre o uso da tecnologia na negociação. “Na Brognoli, tivemos 4 mil renegociações de contratos de locação. Destes, 80% foram feitos e resolvidos pela nossa tecnologia de Inteligência Artificial”. César compartilhou como na Auxiliadora Predial processos tiveram que ser redirecionados e atualizados para funcionar na quarentena. Resende foi de acordo: “Como startup, a Luggo deve aprender todo o dia. Desde o começo da pandemia, aceleramos muitos processos digitais: avaliação, assinatura, aprovação de crédito”, conta. Na Alpop, Lilian falou sobre o processo de avaliação próprio, que tem uma metodologia flexível de score de forma transparente, com estrutura digital, inteligência de dados e um contato humano para garantir a boa experiência do usuário.

Quem é o meu cliente?

O painel “Conheça mais o seu cliente” trouxe panorama sobre quatro perfis: pais de pet, geração Z, geração prateada e público LGBTQIA+. Yheuriet Kalil, da Agência Mosaico, trouxe o debate sobre o público LGBTQIA+. Foram muitos dados apresentados sobre o potencial de consumo do perfil, inclusive que 973 mil LGBT+ brasileiros pretendem comprar um imóvel como investimento. Kalil trouxe quatro dicas chave para  tratar clientes LGBTQIA+: conheça seu público; bana do seu vocabulário termos errados, como opção sexual (a expressão certa é orientação), homossexualismo (o certo é homossexualidade), por exemplo; respeite a identidade de gênero e use o nome social. Se não sabe qual pronome usar, pergunte; tenha sempre bom senso e respeito.

Tratando sobre os pais de pet, Gessica Aragão (DogHero), apontou que o Brasil tem o 2º maior mercado de pet do mundo. O setor, que cresce cada ano, traz novas demandas: condomínios pet friendly, espaços pets, imóveis escolhidos levando em consideração o bem-estar dos bichinhos. 44% dos lares brasileiros têm um pet e gatos e cachorros já estão em maior quantidade nas famílias que gatos e crianças.

Economia prateada é o conceito que refere-se ao consumo da população acima dos 50 anos. A população com mais de 60 anos é a que mais cresce no Brasil e no mundo e, segundo Layla Vallias (Hype50+), é uma população que vive o “carpe diem”: não deixa nada para depois, quer realizar seus sonhos e, portanto, consumi-los. Como lição para o mercado imobiliário, Layla trouxe alguns destaques: levar em consideração o design inclusivo, ou seja, uma casa confortável, mas sem esquecer o design; thriving community, ou seja, o viver em comunidade, com foco no coliving e cohousing; casas conectadas e inteligentes, como o alto uso da Alexa e Google Home e, finalmente, a intergeracionalidade. “O mercado imobiliário não precisa criar um produto para pessoas maduras. A intergeracionalidade é muito valorizada por esse público. Há um consenso que um produto bom para 60+ será bom para todas as faixa etárias”, analisa Layla.

Daniel Gasparetti (Box1824) trouxe uma perspectiva sobre os novos jovens, a geração Z. “Entender os jovens é entender o caminho que a sociedade está tomando. E o jovem hoje não é mais o millennial, o millennial cresceu, é pai, é CEO. O jovem hoje é a geração Z”, afirmou no início de sua fala. E este público já é 20% da população. A geração Z são os nativos digitais. Foram crianças hiperinformadas, já na era da informação. Foram adolescentes socializando já com as redes sociais, hiperconectados. E hoje são hipercognitivos. Têm algumas características específicas: não se definem; são “comunaholic”, agem pelo senso de comunidade; não acreditam na ruptura de conceitos, mas buscam o diálogo; são pragmáticos e realistas (por isso, estão lidando melhor com a quarentena). No consumo, levam em consideração um tripé: ética (conhecer a marca), acesso (vêm da pragmaticidade da geração) e singularidade (dão prioridade para autoexpressão).

Para onde vai a economia no pós-pandemia?

Para encerrar o dia, a organização do evento trouxe o economista Gustavo Franco, que já foi presidente do Banco Central, para fazer uma análise sobre para onde vai a economia no período pós-pandemia. Após apresentar seis reflexões que surgiram logo no primeiro momento após a chegada da Covid-19 ao Brasil, o economista apresentou quatro pontos que o fazem manter o otimismo em relação à economia brasileira. Para ele, a pandemia fez o Brasil perceber a importância de adotar melhores práticas internacionais em relação a questões sociais, de governança e meio ambiente para garantir a possibilidade de captação de recursos e fechamento de negócios.

Para Franco, a pandemia proporcionou uma revisão do conceito de hipossuficiência do brasileiro, mostrando que algumas questões podem ser resolvidas de maneira muito mais ágil e fácil, como condições trabalhistas que foram negociadas durante o período. Ele citou também os juros baixos, que já estão trazendo consequências positivas para a economia e ainda vão trazer ainda mais; um cuidado maior com o orçamento público, para que o sistema financeiro não entre em colapso, apesar da recessão que estamos vivendo, com grande queda do PIB. Especificamente sobre mercado imobiliário, Gustavo reforçou o papel dos juros baixos como fomentador do setor, facilitando o crédito imobiliário de uma maneira nunca antes vista na história.