Conecta Imobi On
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Conecta Imobi On: destaques do primeiro dia do evento

Em plena pandemia da Covid-19, o maior evento do mercado imobiliário brasileiro teve que se adaptar. Assim, teve início, nesta segunda-feira (31), o Conecta Imobi On, que traz palestras, painéis e workshops com mais de 100 palestrantes, internacionais e nacionais. O evento acontece ao longo de toda esta semana, até a próxima sexta-feira (4). O primeiro dia do evento trouxe nomes de peso, como Elie Horn (Cyrela), Rafael Menin (MRV), João Vianna (Loft) e Luis Poggi (Zillow), entre muitos outros. 

Como o nome Conecta Imobi On já indica, pela primeira vez, o evento está sendo realizado de forma completamente virtual, em função de adaptações necessárias devido à pandemia de Covid-19 no Brasil. Inevitavelmente, todos os painéis acabaram discorrendo sobre os impactos da pandemia no mercado brasileiro, mas as discussões foram muito além desse contexto e trouxeram reflexões ainda mais aprofundadas sobre o setor. 

Superação e perseverança

Só no primeiro painel, de Flávio Augusto da Silva, empresário fundador da WiseUp, mais de 1.400 estavam assistindo à transmissão simultaneamente. Flávio abriu as palestras dando o tom para o resto do dia: superação e perseverança. Contou mais sobre sua história de vida e de empreendedorismo, que inspira empresários de diversas áreas.

Dando prosseguimento ao evento, logo após a abertura, teve início a palestra de Rodrigo Werneck, CEO da CUPOLA, com o tema “Negócios digitais: o passo a passo para digitalizar e transformar os processos de sua empresa”. Durante sua participação, Rodrigo falou sobre as quatro principais dores do cliente que observa no momento: solução rápida para seu problema, suporte disponível 24 horas, agente de suporte amigável e não ter que ficar repetindo informações. Na sequência, o CEO da CUPOLA ainda trouxe 15 sugestões de estratégias digitais que podem melhorar a performance das imobiliárias em tempos de pandemia, baseadas em sua experiência no mercado imobiliário e de marketing digital. Ao final, Rodrigo anunciou o lançamento de um treinamento para líderes comerciais das imobiliárias, o Gestor de Vendas Imobiliárias.

A visão das incorporadoras

No painel sobre incorporadoras no pós-pandemia, que reuniu Rafael Menin, copresidente da MRV, Ricardo Ribeiro, presidente da Direcional Engenharia e Carolina Burg, CEO da JFL REALTY, houve um consenso: o segundo trimestre de 2020 foi positivo, mas não foi resultado de sorte, e sim de trabalho árduo. Este, tanto na parte de digitalização de processos e readequação de serviços oferecidos. “No curtíssimo prazo, ficamos com uma vacância maior de imóveis por uma questão de mobilidade. Mas olhando para os resultados mais recentes, para o cenário de taxas de juros baixas e o mercado de São Paulo, podemos dizer que nossos imóveis valorizaram”, afirmou Burg. 

A manutenção da segurança dos colaboradores na construção também foi pauta. Para Menin: “O setor da construção civil foi  muito cuidadoso na manutenção de emprego. A indústria fez um trabalho muito bem coordenado para garantir a segurança sanitária das equipes e trabalhadores”. O novo programa habitacional do Governo Federal, Casa Verde e Amarela, também foi muito elogiado. Para Ribeiro, o programa traz conforto para o setor, uma vez que “este é um negócio em que o ciclo de obras é muito longo. Então, ter a confiança de que quem está no poder executivo enxerga os valores de um programa como esse é muito importante”.

Afinal, as pessoas ainda vão querer comprar/alugar imóveis na cidade? Esta foi a grande questão discutida no painel que reuniu Cristiane Muniz (UNA MUNIZVIEGAS), David Ades (MAC Incorporadora) e Philip Yang (Instituto Urbem), com mediação de Danilo Igliori (Grupo ZAP). Ao longo da discussão, os três entraram em um consenso, para responder à questão: as cidades não vão morrer. Mas, é claro que terão de se adaptar. “O Século XXI não vai suportar um novo Século XX, em termos de esgotamento de recursos”, afirmou Cristiane. A opinião é compartilhada por Philip, que acredita que “desaglomerar também é perigoso”, pois vai acabar ocupando espaços que ainda estavam sendo preservados. David, por sua vez, trouxe sua experiência na incorporadora para mostrar como os empreendimentos vão se adaptar para atender às novas demandas e manter as pessoas nas cidades, com espaço para home office e cozinha integrada com a sala, por exemplo. 

As mágicas da transformação digital

“A tecnologia já tava pronta, a pandemia só evidenciou a dor do cliente para que a transformação digital pudesse operar suas mágicas”, afirmou Lucas Madalosso no painel que intermediou, sobre digitalização de imobiliárias. Foram apresentados três cases: SH Prime, Lar Imóveis e Lello Imóveis – todas empresas que aceleram processos digitais por conta da pandemia. Entre eles, a unanimidade: os últimos dois meses bateram recordes de negócios, muito por conta da digitalização de serviços como tours virtuais, uso de ferramentas como videoconferência e assinatura de contrato digital.

Luis Poggi, presidente da Zillow, maior portal imobiliário americano, participou de um painel sobre “o futuro da busca de imóveis”, com Brian Requarth, cofundador do Viva Real. A fala de Poggi foi de acordo com Madalosso: “não acredito que tenham surgido novas tecnologias. São as mesmas: drones, tours virtuais, assinaturas digitais. A grande diferença é que a adoção destas está crescendo muito. O futuro (e o presente) é a experiência imersiva do conforto da sua casa”. Para ele, além da digitalização, a maior tendência do mercado imobiliário é o “on demand”: “O cliente quer gratificação instantânea, resultados instantâneos. Querem ter todas suas informações na ponta dos dedos, querem falar com um corretor agora”. Esta instantaneidade pode ser alcançada com a digitalização de muitas etapas. Para os painelistas, este é um dos grandes desafios do mercado: são diversas etapas que exigem demandas diferentes. Por isso, para Requarth, a colaboração entre players e stakeholders é crítica para a mudança do mercado imobiliário.

Vida de unicórnio

O CEO do Grupo ZAP, Lucas Vargas, entrevistou João Vianna, cofundador da Loft, um dos unicórnios brasileiros. Para ele, o sucesso da empresa se deu devido a três aspectos: 1) atração de pessoas (o fato de a Loft contar com pessoas com habilidades complementares desde sua fundação foi primordial para atrair outras pessoas muito importantes para o negócio); 2) atração de capital (apesar de o negócio da Loft estar imerso em um modelo intensivo de capital, a empresa conseguiu fazer uma boa combinação para trazer capital estrangeiro, especialmente do Vale do Silício, interessado em investir em tecnologia); 3) aposta na área da tecnologia (além de servir como atrativo para capital estrangeiro, a tecnologia perpassa todas as etapas do processo da Loft). Perguntado sobre como a pandemia de coronavírus afetou a empresa, João respondeu de forma otimista: “Quando tudo isso começou, já tínhamos 75% do portfólio da Loft com modelo de visita virtual pronto. Esse recorde de vendas que estamos observando não aconteceu só com as incorporadoras, mas também com a gente e com outros players. Então, acho que o vento a favor ainda é maior do que o vento contra”. 

Tendências para fotos e vídeos

Por sua vez, Kaori Abe, gerente da América Latina da Shutterstock, fez um review do relatório anual de tendências para fotos e vídeos no mundo, lançado no ano passado, relembrando os temas que tiveram destaque em 2020. Essas tendências foram divididas em três partes partes: principais, em ascensão e para ficar de olho. Nas principais o destaque ficou por conta da “Arte Decó”, com tons dourados e texturas retrô, “Cultura do Ocultismo” muito presente e relevante para os millennials e a geração Z, e “Flores Poderosas”, com formas e elementos exagerados das flores. 

Nas tendências em ascensão, ela citou “Canabiz” (os negócios de produtos derivados dos canabinóides), “Minimalismo em Preto” (tom sobre tom com elementos contrastantes), “Vida na Natureza” (volta aos ambientes naturais e o campo), “Pintura Chinesa” (traços delicados e elementos em aquarela), e “Esportes” (a busca pelo melhor de cada pessoa). A tendência pra ficar de olho é a “Arte de Protesto”, que mistura ativismo e manifestações de insatisfação social. Ela ressaltou também a presença nas comunidades locais. “Nossa plataforma está presente em em mais de 150 países, 21 línguas. O diferencial desse relatório é uma combinação de uma base robusta de dados e seres humanos especialistas na área”, afirmou. Ela também destacou os assuntos que estão em alta no mundo pós-pandemia. Destaque para a busca pelo mundo real e humanização das produções, com a valorização de imagens editoriais, com uma pegada mais jornalística, a preocupação com a segurança, além da responsabilidade social e ambiental.

O futuro vai nos liderar

O primeiro dia de Conecta Imobi On foi encerrado pelo futurista Sohail Inayatullah. Ele é cientista político, professor e Chair da Unesco sobre Estudos Futuros. Em sua palestra, iniciou fazendo uma reflexão sobre nossos processos de aprendizagem, forjados em uma sociedade industrial, não mais compatível com a complexidade do mundo que se apresenta. “Temos que aprender a aprender”, disse. Essa reflexão baseia a visão de Sohail, do “futuro como uma jornada de aprendizagem”, um futuro que trará informações e problemas novos, que não podem ser resolvidos com informações e respostas do passado. “O que não funciona mais e vocês continuam fazendo? Temos de fazer algo com o conhecimento além de armazená-lo“.

Como caminho às empresas, Sohail aponta para a necessidade de estarmos abertos a vários tipos de futuro, a cenários diversos, dos mais edificantes ao apocalípticos. E não é força de expressão: nos cenários projetados por Sohail, o nascimento de uma nova consciência coletiva, pautada pela cooperação e pelo respeito ao recursos naturais, figura ao lado de um apocalipse zumbi – de pessoas profundamente desumanizadas – ou de uma nova pandemia, ainda mais grave que esta. Neste exercício de geração de cenários, ele aponta recomendações como observar o que não mais funciona e que continuamos fazendo (aquele velho conhecido processo que ninguém sabe quem inventou, mas que continua sendo repetido dentro da sua empresa). 

Para Sohail, o futuro vai nos liderar, por isso, devemos refletir, primeiramente, sobre quem queremos ser. Que futuro queremos? E, a partir deste(s) desenho(s) de futuro, traçar o Backcasting, ou seja, as etapas necessárias para se chegar até lá. E, por fim, construir uma narrativa que será utilizada pela empresa para construir este futuro junto aos funcionários, clientes e a comunidade. “Que metáforas levam você para o futuro que vocês querem criar? É preciso conectar sua visão de futuro com a narrativa da sua empresa.