Opinião

As investidoras do mercado imobiliário

O perfil da demanda de imóveis publicado no relatório Fipe Zap + do 1º trimestre deste ano revelou um dado importante para o setor imobiliário: na avaliação do perfil de investidores, apesar de serem os respondentes do gênero masculino ainda a maioria em todos os grupos, as mulheres aparecem como sendo 39% das investidoras potenciais, 36% dos que investiram nos últimos 12 meses e 35% dos investidores há mais de 12 meses.

Os números revelam um marco importante para a representatividade feminina também no âmbito do investimento. O fato de ultrapassarmos a barreira dos 30% é significativo para o quesito da representatividade. Um terço é o mínimo necessário para que um grupo possa exercer representatividade no ambiente que ocupa, primeiro passo para quem busca a equidade de gênero em qualquer circunstância.

Em abril deste ano, a B3 (Bolsa do Brasil) registrou outro importante acontecimento no cenário dos investimentos realizados por mulheres: 1 milhão de CPFs femininos dentre todas as pessoas físicas que investem na bolsa de valores brasileira. Desde 2011, último dado disponível, o aumento de mulheres investidoras foi de 590%. Ainda que sejam minoria, a fatia de mulheres também é a maior em 10 anos: elas são 27,34% do total.

Este movimento que acontece, tanto no setor quanto fora dele, reforça o protagonismo feminino quando falamos da decisão sobre os investimentos. 

Na vanguarda desta temática no mercado imobiliário brasileiro, o movimento Mulheres do Imobiliário trouxe à luz esta realidade, ao identificar o quanto nós influenciamos as decisões de compra dos imóveis (mulheres influenciam 62% dos homens nas decisões de compras). O que estas métricas evidenciam agora é que, além da influência, também protagonizamos.

Para que os investimentos no imobiliário se tornem, também, um assunto feminino, é de extrema importância falarmos sobre o aumento da representatividade de mulheres à frente das empresas, o que significa incluir a figura feminina na agenda dos debates sobre quem movimenta as decisões e rumos econômicos do segmento imobiliário.

Ainda são poucas as mulheres que lideram empresas neste segmento e um nome que se destaca no cenário mundial é o da chinesa Yang Huiyan que, aos 39 anos, possui US$ 29,6 bilhões em patrimônio, provenientes de 57% das ações da Country Garden Holdings, empresa do ramo imobiliário.

Supostamente a mulher mais rica da China, Yang também é uma das pessoas mais ricas do mundo, destacada na sétima posição da lista feminina deste ano, publicada pela Forbes. 

Outro exemplo importante que Yang traz à cena brasileira é que sua fortuna está relacionada à sua participação do Country Garden e que foi transferida a ela por seu pai, em 2007. 

Atuante no conselho da companhia desde a adolescência, Yang reforça o quanto a transição entre gerações pode ser uma grande oportunidade em um mercado que é representado por importantes empresas com esta característica familiar e que encontram dilemas de gestão no planejamento de sua sucessão.

Mulheres à frente de organizações é mais um importante indicador, especialmente quando queremos incluí-las na pauta dos investimentos, mostrando que a representatividade pela equidade de gênero pode e deve ser alcançada em todos os níveis.

Elisa Tawil

Idealizadora e co-fundadora do movimento Mulheres do Imobiliário, LinkedIn Top Voices, colunista no blog Revista HSM (Empresas Shakti), idealizadora e host do podcast Vieses Femininos.
Consultora estratégica para o Real Estate e mentora de negócios.