áreas comuns
Construtoras

4 incorporadoras revelam as áreas comuns indispensáveis para seus clientes

SPA, home office, elevador para delivery, espaço gamer, área gourmet… O catálogo está cada vez mais variado, ao mesmo tempo em que os consumidores estão ficando mais exigentes. Este é um desafio para as construtoras pois, a cada lançamento, surge a questão: como escolher as áreas comuns ideais para agregar valor ao empreendimento? Quais são as demandas dos consumidores que não podem ficar de fora? Foram essas perguntas que o Imobi Report fez para quatro incorporadoras de portes variados e atuação em regiões diferentes do país.

Scire Empreendimentos (SC) – imóveis econômicos e de entrada

Rafael Merten, executivo de novos negócios na Scire

Na Scire, todos os empreendimentos são delineados com o propósito de promover o “saber viver”. O conceito vai além das áreas comuns, mas essas são essenciais para praticá-lo. “Nós temos um público-alvo bem nichado: são jovens dos 20 aos 30 anos, comprando o primeiro imóvel, que valorizam muito a cultura da experiência. Por isso, ofertamos espaços para lazer, saúde e facilidade que sejam compatíveis com o perfil desse público”, comenta Rafael Merten, executivo de novos negócios na Scire.

Ter sua buyer persona bem definida é um ótimo caminho para determinar quais áreas comuns vão ser incluídas em um empreendimento. Há outras ferramentas, como acompanhar grandes hubs de pesquisas comportamentais e de tendências, além do famoso benchmarking, ou seja, análise das melhores práticas usadas por empresas do mesmo setor, sejam elas nacionais ou internacionais.

Cláudia Plentz, da Scire

Acompanhar o crescimento das práticas esportivas, por exemplo, foi um dos fatores de sucesso de um dos lançamentos recentes da incorporadora. “Em agosto deste ano, lançamos um empreendimento que tem uma pista de skate. Foi o timing certeiro: era um empreendimento em Florianópolis e o Pedro Barros [skatista que levou a prata nas Olimpíadas de Tóquio] é nosso conterrâneo. Mas vale lembrar que esse produto não foi pensado exatamente para ser lançado nas Olimpíadas, já tínhamos escolhido a pista de skate há dois anos”, exemplifica Cláudia Plentz, executiva de marketing da incorporadora.

Além do trabalho prévio para a escolha das áreas comuns, há um acompanhamento para consultar moradores de empreendimentos já ocupados e uma preocupação em atualizar ambientes para se encaixar dentro das mudanças comportamentais. Por exemplo, houve uma escolha por substituir os equipamentos de academia “tradicionais” para equipamentos mais próximos de treinos funcionais e dinâmicos, como crossfit.

Rafael reforça como deve haver, também, uma preocupação em não só construir e entregar o ambiente, mas fazer o máximo para que este seja funcional. “Hoje, se fala muito sobre coworking. Mas não podemos separar uma sala e só colocar uma mesa de reuniões. É preciso pensar nesse espaço, oferecer conforto, nichos, segurança, disponibilizar Wi-Fi, por exemplo”.

Outro espaço que vem ganhando o desejo dos moradores são os rooftops. Prática já conhecida em algumas metrópoles, como Nova York e São Paulo, é uma maneira de aproveitar melhor um lote cercado de prédios e democratizar a vista. “Nos nossos empreendimentos, estamos percebendo uma boa aderência a áreas de lazer nas coberturas. Oferecer uma horta coletiva, uma parrilla, um bar, até a piscina ou academia. Aí o morador do segundo andar, que na sua unidade não tem vista, pode subir o elevador e tomar um chimarrão no final da tarde, com uma vista bacana, na área comum do condomínio”, conta Rafael.

Carvalho Hosken (RJ) – bairros planejados de alto padrão

Há 70 anos, a Carvalho Hosken desenvolve bairros planejados na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. No caso da incorporadora, além da preocupação com áreas comuns dentro de um mesmo prédio, é necessária a atenção com toda a comunidade formada no local.

Talitha de Abreu Ribeiro, gerente de Incorporação da Carvalho Hosken

“A ideia do bairro planejado é que a pessoa tenha acesso aos serviços do dia a dia de forma mais cômoda, com qualidade de vida, integrando a vida social, pessoal e profissional. Ou seja, promovendo deslocamentos menores, muito contato com a natureza, espaços de saúde, práticas de esporte e também cultura”, conta Talitha de Abreu Ribeiro, gerente de Incorporação da Carvalho Hosken.

Entre as seleções de áreas comuns da incorporadora, a promoção de uma vida mais saudável também é critério obrigatório. “Nos nossos empreendimentos, trazemos pista de ciclismo, de corrida e quadras de tênis, por exemplo. Além de muitos espaços verdes, contato com a natureza e áreas comuns amplas e generosas”, comenta.

Uma das particularidades da Carvalho Hosken está exatamente no local em que atua. “Por mais que o Rio de Janeiro seja uma cidade com muitas opções de lazer e atividades para a saúde, há um problema sério de segurança. Construir um bairro que você se sente livre, como deveria ser em toda a cidade, é um diferencial”. 

O fator segurança também pesa na seleção dos espaços, como a alta demanda por áreas para crianças e adolescentes. “Percebemos que os pais estão com rotinas atarefadas, mas preocupam-se que seus filhos estejam bem assistidos. Essas áreas devem atender às várias etapas da infância: desde os pequenos, com a brinquedoteca, até os adolescentes, com ambientes para prática de esporte, games, home theater… Não importa onde você esteja, saber que seu filho está em um lugar seguro, socializando e com opções de lazer é o desejo de qualquer pai e mãe”, aponta Talitha, que também é mãe.

Além disso, como bairro planejado, há um estímulo à vida em sociedade. “A proposta do bairro preconiza uma interação entre moradores. Por exemplo, um grupo de moradores de prédios diferentes pode se reunir para contratar um professor de natação ou ioga”.

E para compor com a vista carioca, o paisagismo também torna-se prioritário. “Nossos projetos são muito atentos ao paisagismo. A Ilha Pura tem o paisagismo assinado pelo escritório Burle Marx. São projetos que se integram à paisagem do Rio de Janeiro de forma muito harmoniosa, trazendo a sensação de pertencimento à cidade, sempre com foco no bem-estar e saúde dos moradores”.

Construtora Danpris (SP) – empreendimentos econômicos

A Danpris, incorporadora com foco em empreendimentos econômicos e que se enquadram no programa Casa Verde e Amarela, também sente a cobrança por áreas comuns de qualidade. “No segmento econômico, costumamos atender famílias que estão se formando, primeiros imóveis. E são condomínios maiores, um pouco mais afastados do centro. Por isso, sabemos que existem as áreas de lazer básicas que não podem deixar de existir: quadras, piscina, salão de jogos. São demandas que já existiam há alguns anos e, com a pandemia e com a valorização de estar mais em casa com a família, são ambientes ainda mais valorizados”, comenta Dante Seferian, CEO da Danpris.

“Sei que é mais desafiador planejar empreendimentos econômicos, mas é preciso considerar que a melhor ferramenta de marketing é o produto em si e o peso da área de lazer é muito grande”, opina o CEO. “A melhor pesquisa é o diálogo com o próprio cliente. Como sempre temos empreendimentos sendo lançados, nos aproximamos dos consumidores e vamos acompanhando a demanda pelos nossos produtos. Recentemente, vimos uma revalorização das pistas para ambientes de esportes e na promoção de ambientes que promovam a socialização entre os moradores”, comenta.

Construtora Capital (AM) – empreendimentos alto padrão

Greyk Abreu, gerente comercial da Construtora Capital, conta que muitas pesquisas de tendências e necessidades do consumidor são acompanhadas para selecionar as áreas comuns dos empreendimentos da empresa.

Mais recentemente, entre as decisões de quais áreas ofertar, muito da economia do compartilhamento foi observada. “Nos últimos anos, observamos o grande aumento da demanda por motoristas de aplicativo. Por isso, montamos um espaço chamado ‘stop’ – um banco de espera bem equipado, para que o cliente aguarde o motorista do aplicativo com conforto e segurança e, por outro lado, o motorista não tenha problemas em estacionar. Também no tópico mobilidade, disponibilizamos patinetes elétricos em empreendimentos que são dentro de bairros planejados”, pontua.

Greyk Abreu, gerente comercial da Construtora Capital

Com a pandemia, veio também o aumento de pedidos por delivery. “Por questões sanitárias, tivemos a necessidade de diminuir o contato do morador com os entregadores. Foi quando optamos pela solução de boxes de entrega: armários inteligentes que o entregador deixa a compra no box e depois o cliente o retira com a sua senha. Mesmo com o fim da pandemia, é uma praticidade enorme poder receber uma entrega em qualquer horário, sem estar em casa. Também pensando no aumento da demanda por entregas, dedicamos um espaço para que os entregadores deixem suas ferramentas de trabalho, ou seja, motocicletas, bicicletas e carros. Não basta uma vaga, dedicamos um espaço seguro, já que é uma preocupação também com quem está trabalhando para atender bem nossos clientes”.

Já entre as áreas que caíram em desuso, Greyk comenta sobre os grandes salões de festa. “Antigamente, a tendência para áreas comuns eram salões de festa enormes, para 200, 300 pessoas. Hoje isso não é mais uma demanda. Não só pela pandemia, já vinha uma tendência de receber eventos menores, o que culmina a demanda por espaços gourmet”, aponta.

Greyk também reforça que as áreas comuns são grandes diferenciais para que um produto seja competitivo no mercado. “Na região Norte, uma boa piscina, por exemplo, é um grande diferencial. Temos empreendimentos que têm piscina de criança, de adulto, deck molhado, banheira de hidromassagem… E se tem uma área comum inerente ao brasileiro é a churrasqueira: de Norte a Sul, todos gostam de um churrasquinho no final de semana e não tem como a gente abrir mão deste espaço”.